quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Achados
a)Domínio Público
Site "Public Domain"
b)A Cidade-Muro de Kowloon
(A cidade-muro-favela de Kowloon é citada no livro ldoru de Willian Gibson. Encontrei sua história AQUI)
"
Kowloon Walled City was a densely populated, largely ungoverned settlement in Kowloon, Hong Kong. Originally a Chinese military fort, the Walled City became an enclave after the New Territories were leased to Britain in 1898.
Its population increased dramatically following the Japanese occupation of Hong Kong during World War II. From the 1950s to the 1970s, it was controlled by Triads and had high rates of prostitution, gambling, and drug use. In 1987, the Walled City contained 33,000 residents within its 6.5-acre (0.03 km2; 0.01 sq mi) borders.
In January 1987, the Hong Kong government announced plans to demolish the Walled City. After an arduous eviction process, demolition began in March 1993 and was completed in April 1994. Kowloon Walled City Park opened in December 1995 and occupies the area of the former Walled City. Some historical artifacts from the Walled City, including its yamen building and remnants of its South Gate, have been preserved there.
"
Portanto, Kowloon não existe mais, mas encontrei uma "planta" AQUI, no Zoohaus. Algumas fotos aqui numa lista de 7 monumentos modernos arquitetônicos abandonados da Ásia, mas há várias pelo google.
c)Colecção Argonauta
"Este espaço é uma homenagem à Colecção Argonauta, um memorial que esperamos possa contribuir para esclarecer possíveis dúvidas relativas aos números publicados, bem como constituir um espaço de partilha, onde comentários relativos às obras possam ajudar a enriquecer o vasto universo de memórias aqui reunido."
d)Mistério Antigo
Sabe aqueles anúncios cheio de bugigangas e brinquedos supostamente maravilhosos que ficavam nas últimas capas das revistas importadas norte-americanas?
Então, um sujeito fez um livro revelando o que REALMENTE eram aqueles trecos. A maioria era pura enganação, mas o hovercraft realmente funcionava!!!
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quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Onirogrito
Vampiros x Zumbis
Vampiros e Zumbis são parentes. Ambos são mortos-vivos, são diferentes de fantasmas e demônios, uma vez que sua existência física não se discute.
Os vampiros são aristocráticos e elitistas. Os zumbis são a classe C. Os vampiros são criaturas especiais. O zumbi é gente como a gente. O vampiro vive em um castelo de onde sai para aterrorizar os indefesos. Os zumbis cercam shopping centers e casas isoladas, a última defesa possível contra suas hordas. Todos sabem os pontos fracos dos vampiros: alho, cruz, estacas, o sol. Zumbis são frágeis, morrem facilmente, sua força é o seu número. Mas não temem nada. São democráticos.
Os vampiros sobrevivem da exploração e do sangue de suas vítimas: são vistos como os senhores secretos do mundo. São elegantes, refinados, inteligentes, insidiosos, sedutores, provocadores. Os zumbis existem. Eles são o caos. Parecem bêbados, agem estupidamente. Vampiros e Zumbis são criaturas do desejo. Mas enquanto você deseja ser um vampiro, os Zumbis desejam você. O ataque do Vampiro o torna rico e eternamente jovem. A mordida do Zumbi o torna um idiota e um eterno mendigo.
O Vampiro da forma segundo a qual entendemos é relativamente recente, sua base se estruturando ao redor de Polidori, Le Fanu e Stoker[1] durante o século XIX. Nesta época, talvez, pudessem ser vistos como uma resposta do anseio burguês por um reconhecimento “nobre”. Depois dali se disseminou pela literatura, filmes, quadrinhos, discos, atravessando a maior parte do século XX. Eu estaria forçando muito se visse nos Vampiros e na sua relação com a humanidade uma metáfora política para exploração econômica e alienação? Não me ocorre nenhum caso, mas devem haver histórias nas quais Vampiros foram abordados sob o ponto de vista declaradamente político.
Já os Zumbis parecem ser moldados para este tipo de abordagem. Os Zumbis são criaturas ainda mais recentes no folclore do medo. Nos termos que nos interessam[2], os Zumbis se originaram no vudu haitiano. O Zumbi, inicialmente, seria um pobre coitado amaldiçoado que, após ser envenenado e “morrer”, tornava-se um escravo incapaz de desobedecer às ordens de um feiticeiro[3]. Mas este Zumbi inicial (que talvez remetesse à opressão da escravatura) foi ofuscado pelos criados por George Romero em “Night of the Living Dead”[4] e que, praticamente, redefiniu o mito a partir de então. Os Zumbis não são personagens, personagens são os outros que procuram escapar de seu ataque, e a história é montada basicamente na tensa relação entre os sadios contra os doentes.
Enquanto a tragédia do Vampiro é ser obrigado a ser “mau” e matar[5], o trágico no Zumbi é o fim da individualidade. Os zumbis são o olhar da sociedade “pressionando” a liberdade, nos restringindo, nos aprisionando. Adequado a nossos tempos neo-provincianos, onde o olhar do vizinho está na rede, querendo nossos miolos, querendo nos formatar sob um mesmo comportamento. Talvez seja revelador pensar que o sonho do último Vampiro de grande sucesso é ser igualzinho a todos os mortais.
_____________________________________________________
[1] Histórias dos Vampiros – Autópsia de um Mito, Editora Unesp
[2] Há um livro francês de 1697 Le Zombi du grand Pérou, ou La comtesse de Cocagne e existem lendas de mortos-vivos similares aos zumbis na África Central
[3] Posteriormente encontrou-se certa base “científica” para esta lenda, no caso de homem chamado Clairvius Narcisse. Veja AQUI.
[4] Conforme o próprio Romero admitiu, sua principal influência foi “Eu sou a Lenda” de Richard Matheson.
[5] Uma tragédia um tanto relativa já que o cardápio da maior parte da humanidade contem animais mortos.
(publicado originalmente AQUI, no blog da Terracota. Imagem é a primeira das tiras de "Z" de Raphael Salimena, disponível no Quadrinhos IG)
Vampiros e Zumbis são parentes. Ambos são mortos-vivos, são diferentes de fantasmas e demônios, uma vez que sua existência física não se discute.
Os vampiros são aristocráticos e elitistas. Os zumbis são a classe C. Os vampiros são criaturas especiais. O zumbi é gente como a gente. O vampiro vive em um castelo de onde sai para aterrorizar os indefesos. Os zumbis cercam shopping centers e casas isoladas, a última defesa possível contra suas hordas. Todos sabem os pontos fracos dos vampiros: alho, cruz, estacas, o sol. Zumbis são frágeis, morrem facilmente, sua força é o seu número. Mas não temem nada. São democráticos.
Os vampiros sobrevivem da exploração e do sangue de suas vítimas: são vistos como os senhores secretos do mundo. São elegantes, refinados, inteligentes, insidiosos, sedutores, provocadores. Os zumbis existem. Eles são o caos. Parecem bêbados, agem estupidamente. Vampiros e Zumbis são criaturas do desejo. Mas enquanto você deseja ser um vampiro, os Zumbis desejam você. O ataque do Vampiro o torna rico e eternamente jovem. A mordida do Zumbi o torna um idiota e um eterno mendigo.
O Vampiro da forma segundo a qual entendemos é relativamente recente, sua base se estruturando ao redor de Polidori, Le Fanu e Stoker[1] durante o século XIX. Nesta época, talvez, pudessem ser vistos como uma resposta do anseio burguês por um reconhecimento “nobre”. Depois dali se disseminou pela literatura, filmes, quadrinhos, discos, atravessando a maior parte do século XX. Eu estaria forçando muito se visse nos Vampiros e na sua relação com a humanidade uma metáfora política para exploração econômica e alienação? Não me ocorre nenhum caso, mas devem haver histórias nas quais Vampiros foram abordados sob o ponto de vista declaradamente político.
Já os Zumbis parecem ser moldados para este tipo de abordagem. Os Zumbis são criaturas ainda mais recentes no folclore do medo. Nos termos que nos interessam[2], os Zumbis se originaram no vudu haitiano. O Zumbi, inicialmente, seria um pobre coitado amaldiçoado que, após ser envenenado e “morrer”, tornava-se um escravo incapaz de desobedecer às ordens de um feiticeiro[3]. Mas este Zumbi inicial (que talvez remetesse à opressão da escravatura) foi ofuscado pelos criados por George Romero em “Night of the Living Dead”[4] e que, praticamente, redefiniu o mito a partir de então. Os Zumbis não são personagens, personagens são os outros que procuram escapar de seu ataque, e a história é montada basicamente na tensa relação entre os sadios contra os doentes.
Enquanto a tragédia do Vampiro é ser obrigado a ser “mau” e matar[5], o trágico no Zumbi é o fim da individualidade. Os zumbis são o olhar da sociedade “pressionando” a liberdade, nos restringindo, nos aprisionando. Adequado a nossos tempos neo-provincianos, onde o olhar do vizinho está na rede, querendo nossos miolos, querendo nos formatar sob um mesmo comportamento. Talvez seja revelador pensar que o sonho do último Vampiro de grande sucesso é ser igualzinho a todos os mortais.
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[1] Histórias dos Vampiros – Autópsia de um Mito, Editora Unesp
[2] Há um livro francês de 1697 Le Zombi du grand Pérou, ou La comtesse de Cocagne e existem lendas de mortos-vivos similares aos zumbis na África Central
[3] Posteriormente encontrou-se certa base “científica” para esta lenda, no caso de homem chamado Clairvius Narcisse. Veja AQUI.
[4] Conforme o próprio Romero admitiu, sua principal influência foi “Eu sou a Lenda” de Richard Matheson.
[5] Uma tragédia um tanto relativa já que o cardápio da maior parte da humanidade contem animais mortos.
(publicado originalmente AQUI, no blog da Terracota. Imagem é a primeira das tiras de "Z" de Raphael Salimena, disponível no Quadrinhos IG)
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quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Telegrama
a)Morte de Animais
(transcrição copia-e-cola de postagem do blog de "Um túnel no fim da luz" de Kelvin Falcão Klein, numa citação de citação de citação de citação)
"
Escrever sobre a morte de animais tem sido um exercício sistemático da literatura argentina: desde o célebre tigre morto por Facundo, de Sarmiento, e Yzur, de Lugones, até as caçadas sexuais e alimentares dos tadeys em O. Lamborghini [a tradução está "...de tadeys em O. Lamborghini", o que fica completamente sem sentido, já que os tadeys são os "selvagens", como em o território dos tadeys, etc] e as lebres de O desperdício (2007), de Matilde Sanchez, a literatura argentina tem feito dos animais mortos uma matéria recorrente sobre a qual se questionam sentidos [aqui, a tradução coloca um "por sua vez"] estéticos, históricos e políticos. Isso não tem nada a ver com uma especificidade nacional - como se a frequência de animais mortos nas ficções da cultura fosse o índice de uma violência argentina -, mas sim os traços de uma história e de uma política dos corpos, nos quais se exibem certas inflexões e particularidades locais. Nessa história e nessa política, por razões materiais evidentes, os matadouros sempre estiveram presentes: desde o texto clássico de Esteban Echeverría (mas também desde antes, nas cenas de sacrifício de animais no The voyage of the Beagle [que na tradução torna-se Voyage to the Beagle], de Darwin, ou no Lazarillo de ciegos caminantes, por exemplo [autor: Alonso Carrió de la Vandera; não sei porque a tradução manteve Darwin, arqui-conhecido, e não acrescentou o outro autor, mais obscuro]) até a cena da captura do touro fugitivo em Bajo este sol tremendo, novela [romance?] de Carlos Busqued, de 2009 (a qual reproduz a cena do touro do matadouro de Echeverría), passando por uma novela [romance?] de 1927, de título bastante óbvio, Los charcos rojos, de Gonzalez Arrilli, e por La hora de los hornos, o célebre filme de Fernando Solanas, em que uma montagem de imagens de matadouros e imagens publicitárias quer ilustrar a natureza da mercadoria. Os matadouros têm sido uma parte decisiva da paisagem das ficções e escrituras locais: um universo em que se costuram formas, sentidos, visibilidades e relações entre corpos.
* Gabriel Giorgi. "A vida imprópria. Histórias de matadouros". Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Organização de Maria Esther Maciel. Editora da UFSC, 2011, p. 199-220 [a citação está na página 202, e vai aqui com algumas intervenções sobre a tradução - de resto, vale notar essa potência da enumeração, essa potência da série: uma imagem atravessa uma tradição literária e lhe dá um sentido provisório, armado para uma investigação específica, para uma inquietação particular daquele que vasculha o arquivo; neste caso, a imagem do matadouro, que é, na realidade, um feixe de imagens: o animal acuado, o animal agonizante, o animal morto, o gesto do assassino, a ferramenta do ato, a instalação do matadouro, seus galpões e acessos, seus sistemas sobrecarregados de escoamento, etc].
"
b)Consciência dos animais
Trecho de "Lato, logo existo", artigo de Sergio Augusto no Estadão (22/07/2012) sobre as evidências da consciência animal.
"
Em 55 a.C., o romano Pompeu patrocinou um grande espetáculo com homens e elefantes durante o qual os paquidermes, inferiorizados e encurralados na arena, tentaram e conseguiram despertar a compaixão da assistência por meio de gritos e gestos pungentes. Com pena dos elefantes, a multidão execrou Pompeu, reviravolta presenciada e comentada por Cícero. É um dos registros mais remotos de que os quadrúpedes, a seu modo, também cogitam e sabem atrair a solidariedade dos bípedes.
Elefantes são animais intensamente sociais, emotivos e solidários. Presenciei uma comovente demonstração de solidariedade e socorro a um elefante aparentemente doente por meia dúzia de outros, durante um safári fotográfico pelo Parque Nacional de Serengeti, na Tanzânia. Foi uma revelação, mesmo para quem, como eu, conhecia alguns dados posteriormente reunidos em Quando os Elefantes Choram (de Jeffrey Moussaieff Masson e Susan McCarthy), e havia lido as "conversas" de Konrad Lorenz com as bestas, as aves e os peixes, os ensaios de Diane Ackerman sobre as baleias, os crocodilos e outros bichos, e acompanhado pela imprensa as pesquisas de Jane Goodall com os chimpanzés, as de Dian Fossey com os gorilas e as de Sally Coxe com os socialmente exemplares macacos bonobos do Congo.
No reino da bicharada, os antropocêntricos fundamentalistas perdem todas. Até ratos de laboratório são dados a gestos de solidariedade e sacrifício, revelou faz pouco tempo uma experiência na Suíça. Muita gente ainda ignora que os porcos são muito inteligentes e sensíveis, além de limpíssimos por natureza (o primeiro editor da revista Granta, Bill Buford, cria em casa um suíno como se fosse um cachorro), e que as baleias, orcas, cachalotes e golfinhos têm o triplo das células fusiformes dos cérebros humanos. Essas células são fundamentais para o desenvolvimento da empatia.
Em 2006 descobriram no zoológico do Bronx um elefante que se reconhecia no espelho. E depois outro, e mais outro. Bichos que passam no teste do espelho, como os citados elefantes, certos primatas, golfinhos e uma espécie de pássaro chamada pica-pica, são supostamente mais próximos dos humanos e mais necessitados de nossa proteção. Foi dessa premissa que a biopsicóloga Diana Reiss, do Hunter College, partiu para sua pesquisa sobre a capacidade perceptiva e interativa de determinados mamíferos.
Reiss é uma das signatárias do Manifesto de Cambridge. Como os demais signatários, ela espera que, diante das evidências de que os animais "pensam, logo sofrem" (cogito, ergo patior?), a sociedade dos humanos passe a tratá-los com mais respeito, dignidade e carinho.
"
c) Elefantes em Roma.
(O Sergio Augusto mencionou e fui googlear. Encontrei a referência em inglês sobre a piedade dos romanos pelos elefantes AQUI no interessante Encyclopedia Romana, no qual descobri que Plínio (seria aquele que morreu em Pompeia? Preciso ver.) e Sêneca também mencionaram o evento.)
"
Whereas the Greeks and Carthaginians used elephants mainly
in war, the Romans used them primarily for spectacle, the first
time in 275 BC, when those that had been captured from Pyrrhus
were displayed in triumph. In 55 BC, when Pompey dedicated his
theater, the events in the Circus included venationes.
Plutarch says that five hundred lions were killed, but there
was "above all, an elephant fight, a most terrifying spectacle"
(Life of Pompey, LII.4). Cicero, who was present, wrote
to a friend that there were two animal hunts a day, which lasted
for five days. "The last day was that of the elephants,
and on that day the mob and crowd were greatly impressed, but
manifested no pleasure. Indeed the result was a certain compassion
and a kind of feeling that that huge beast has a fellowship with
the human race" (ad Familiares, VII.1).
In his Natural History, Pliny records the same poignant
event (VIII.7.20). Twenty or so elephants were cruelly killed
and, "when they had lost all hope of escape tried to gain
the compassion of the crowd by indescribable gestures of entreaty,
deploring their fate with a sort of wailing, so much to the distress
of the public that they forgot the general and his munificence
carefully devised for their honour, and bursting into tears rose
in a body and invoked curses on the head of Pompey."
Seneca, too, refers to the slaughter in De Brevitate Vitae
(XIII),
"...does it serve any useful purpose to know that Pompey was the first to exhibit the slaughter of eighteen elephants in the Circus, pitting criminals against them in a mimic battle? He, a leader of the state and one who, according to report, was conspicuous among the leaders of old for the kindness of his heart, thought it a notable kind of spectacle to kill human beings after a new fashion. Do they fight to the death? That is not enough! Are they torn to pieces? That is not enough! Let them be crushed by animals of monstrous bulk! Better would it be that these things pass into oblivion lest hereafter some all-powerful man should learn them and be jealous of an act that was nowise human. O, what blindness does great prosperity cast upon our minds! When he was casting so many troops of wretched human beings to wild beasts born under a different sky, when he was proclaiming war between creatures so ill matched, when he was shedding so much blood before the eyes of the Roman people, who itself was soon to be forced to shed more. He then believed that he was beyond the power of Nature. But later this same man, betrayed by Alexandrine treachery, offered himself to the dagger of the vilest slave, and then at last discovered what an empty boast his surname was."
The elephants, writes Cassius Dio, "were pitied by the
people when, after being wounded and ceasing to fight, they walked
about with their trunks raised toward heaven, lamenting so bitterly
as to give rise to the report that they did so not by mere chance,
but were crying out against the oaths in which they had trusted
when they crossed over from Africa, and were calling upon Heaven
to avenge them" (XXXIX.38).
And so they were: Seven years later, Pompey was stabbed to
death in Egypt.
"d)Manifesto de Cambridge
A coluna de Sergio Augusto dizia respeito a um grupo de 13 neurocientistas que se reuniu em Cambridge para discutir diversos estudos sobre a consciência. O resultado, além de afirmações como "As evidências apontam que os humanos não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram a consciência", foi um Manifesto "confirmando"
(imagem? via If Charlie Parker...)
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segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Achados
a)
(Arte de Robert e Shana ParkeHarrison)
dreamfall
earthcoat
kingdom
Via Precious Light Tumbrl
b)
(Dino Valls )
Via Precious Light Tumbrl
c)Genética e mercado aumentam risco de incesto involuntário
(Notícia de 2011)
"Recorrer excessivamente ao esperma de alguns doadores aumenta o risco de transmissão de doenças genéticas e incestos involuntários entre meio irmãos e irmãs com o mesmo pai, alertaram especialistas.
O tema, em discussão há vários anos, inspirou recentemente o filme canadense "Starbuck", de Ken Scott, que conta as aventuras de um doador de sêmen que vai ao encontro de seus 533 filhos.
A história, sobre a busca do pai biológico, é semelhante a de Barry Stevens, diretor de documentários.
Stevens, cineasta de Toronto e nascido na Grã-Bretanha há 59 anos, graças ao sêmen de um doador, descobriu ter dezenas de meio irmãos e irmãs no Canadá, nos Estados Unidos e na Europa. Estima-se que esta fraternidade tenha entre 500 e 1.000 integrantes em todo o mundo."
(Encontrei inteira AQUI)
d)Voando com os abutres na África do Sul.
Um belo vídeo AQUI. Para descobrir algo sobre o Parahawking (voo de paraglider + falcoaria) no Coilhouse AQUI. Me pareceu bonito, mas tem sabor de "tourist trap".
e) Crise na Europa
Em Portugal, cortes nos feriados e nos gastos das famílias. Na Espanha, estão desligando os semáforos para economizar.
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quinta-feira, 6 de setembro de 2012
a biblioteca de Alexandria
Um homem no Cairo pede um café e abre um livro. Antes de começar a ler, distrai-se com a paisagem restrita e entulhada de gente e mercadorias em exposição na rua. Acende um cigarro e se detem sobre um par de velhos entretido numa partida de gamão. Em outra mesa, um senhor elegante tosse perdigotos enquanto transfere resultados do futebol do jornal para uma caderneta. Uma mulher apressada passa arrastando sua filha que tenta seguí-la. Um garoto surge e oferece engraxar sapatos e vender haxixe. Em uma das janelas acima, escuta-se um choro miado de criança. Numa outra mesa, um senhor ri sozinho diante do Ipad. Um vendedor de bexigas e cataventos oferece um inflável com a forma do Bob Esponja. Saiu o novo filme do Homem Aranha, assista dublado no Gizé Center Shopping, veio por uma mensagem no celular. Um velho dormita enquanto espera clientes. Um rádio ligado dispara nova música da M.I.A. Sob o solo, escavam o túnel do metrô destruindo artefatos milenares. Dois jovens turistas debatem a real influência da Internet na Primavera Árabe. Um deles discute de forma enfática e, concomitante, escuta música mp3 no fone. Na televisão é o horário das notícias: um apresentador conhecido por ligações próximas com senhores pouco honestos expressa revolta e indignação: houve um desvio brutal de verbas destinadas originalmente para a construção da nova biblioteca de Alexandria. O garçom usa o controle remoto e muda para um canal de esportes no qual se transmite uma antiga corrida de Fórmula 1. O café chega, aguado como chá. O homem que lhe serve tem uma tatuagem de chefe apache. O cliente toma um gole, acha horrível, deixa algumas piastras e se retira: a xícara praticamente cheia, no qual logo se afogará uma mosca. O livro ficou aberto na mesa e não há nem uma brisa capaz de folheá-lo.
(Fotografia (a mais conhecida, talvez?) de Peter Beard. Aqui, um blog para o turista explorador colonial.)
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segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Telegrama
Assalto? Como evitá-los
01. Não sair de casa.
02. Não ficar em casa.
03. Se sair, não sair acompanhado. Nem sozinho.
04. Se sair sozinho ou acompanhado, não sair a pé. Nem de carro.
05. Se sair a pé, não andar devagar. Nem depressa. Nem parar.
06. Se sair de carro, não parar nas esquinas. Nem no meio da rua. Nem nas calçadas. Nem nos postos de gasolina. Nem nos sinais. Melhor é deixar o carro e pegar uma condução.
07. Se pegar uma condução, não pegar ônibus. Nem táxi. Nem trem. Nem carona.
08. Se decidir ficar em casa. não ficar sozinho. Nem acompanhado.
09. Se ficar sozinho ou acompanhado, não deixar a porta aberta. Nem fechada.
10. Como não adianta mudar de cidade, nem de país, o único jeito é ficar no ar. Mas não num avião.
(de Leon Eliachar)
(Texto de "O Homem ao Meio", livro de 1979. Leon Eliachar foi assassinado em 1987, aos 66 anos de idade, a mando de um rico fazendeiro paranaense com cuja esposa o autor vinha mantendo um romance. Trecho de sua biografia no Releituras: "Há pouquíssimo material sobre o biografado. A maior parte são artigos escritos por ele e por amigos, todos muito bem humorados, cheios de nonsense, o que bem demonstra o espírito do biografado." Outros textos de Leon AQUI e ALI.
Foto da Velhinha armada: ¿? 18 freiras armadas. Foto das armas de brinquedo: não sei.)
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quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Achados
a)Jim Rugg
Galeria de Jim Rugg no Flickr. O desenho acima foi inspirado pelo filme "Driver"
(Via SuperPunch)
b)Lula Vampiro
Não deve ser o que você está pensando: AQUI
c)Digital Comics Museum
Site para download de HQs raras em domínio público.
http://digitalcomicmuseum.com/.
Dentre outras coisas, Walter Kelly (Pogo) fazendo as Fairy Tales.
(Valeu Delfin)
d)Sonoluminescência
A sonoluminescência foi descoberta antes da Segunda Guerra Mundial, enquanto estudavam a corrosão das hélices de submarinos provocadas por bolhas de ar. Cito de memória o interessantíssimo livro "A Colher que desaparece" de Sam Kean que faz um passeio sobre os elementos da Tabela Periódica e suas histórias. Você sabia que o alumínio, estes das latas, já foi um elemento raríssimo e caríssimo? Pois é.
Mas voltemos à sonoluminescência. Trata-se de um fenômeno muito estranho e completamente contraintuitivo. Ao aplicar vibrações sonoras ultrassônicas sobre bolhas de ar contidas na água, elas encolhem e se expandem provocando brilhos de luz, como "uma estrela numa jarra de água".
A seguir uma descrição passo a passo do fenômeno via revista Galileu:
"
1. o ultra-som agita a bolha de ar, fazendo-a crescer de um diâmetro de 5 mícrons (5 milésimos de milímetros) para outro de 50;
2. assim expandida, a bolha passa a ter uma densidade muito baixa, praticamente se confundindo com o vácuo;
3. a pressão externa, exercida pelo meio líquido, torna-se várias vezes maior do que a pressão interna, produzida pelas moléculas de ar;
4. esse desbalanceamento faz com que a bolha imploda numa fração de segundo, passando de 50 para algo entre 0,1 e 1 mícron de diâmetro;
5. o colapso aquece brutalmente as moléculas de ar, gerando as temperaturas da ordem de 10 mil a 1 milhão de graus Celsius;
6. esse superaquecimento faz com que os elétrons das camadas externas dos átomos e moléculas se desprendam;
7. em conseqüência, o gás existente no interior da bolha se transforma num plasma, formado por íons (positivos) e elétrons livres (negativos);
8. o plasma emite um lampejo luminoso;
9. como o fenômeno se repete 30 mil vezes por segundo, a emissão luminosa parece estável aos olhos do observador.
"
Há um vídeo do fenômeno AQUI. Os cientistas não tem ideia do que ocorre, mas há quem veja nisso uma promessa de energia.
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quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Onirogrito
Mata-borrão à tinta de pendrive
É curiosa a menção ao mata-borrão em textos antigos. Tanto Rubem Braga quanto Mário Prata
(Rimou?) falaram e explicaram o objeto. Se você for daqueles que se
recusam a clicar em hiperlinks, além de perder textos melhores que este,
não saberá que o mata-borrão era uma espécie de carimbo para secar a
tinta fresca no tempos pré-esferográficos. Mário Prata não encontrou
analogia para o mata-borrão no computador e descartou o verificador
ortográfico como substituto.
Perdoe a petulância de quem nunca usou
tinteiro para escrever… discordo… Assinar a carta, carimbá-la com o
mata-borrão, envelopá-la e enviar a missiva ao amante pelo portador
supostamente confiável. Não importava o conteúdo: “O culpado é o
mordomo”, “Vamos fugir, espero-te atrás da capela.”, “Fui deflorada pelo
meu irmão”, era essencial que se concluísse a carta e que ela ficasse
limpa, formalmente intelegível : o mata-borrão surgia como um gesto de
conclusão. O corretor gramatical parece ser a última coisa a passar pelo
texto. Muitas vezes, na verdade, ele analisa o texto “melhor” que a
pessoa do outro lado que deixa a mensagem dormir na caixa de entrada.
Gostaria de ver mais recursos
tecnológicos presentes na literatura: coisas como celulares, monitores,
mouses, teclados, GPS e não-coisas como sites, blogues, emails, google,
redes sociais. Pois o imaginário se alimenta da realidade. E, querendo
ou não, estes brinquedos vieram para fingir preencher nossas vidas ocas e
devem permanecer até darmos um basta. Então se quisermos que a
literatura seja minimamente relevante, viva, precisaremos no mínimo
resvalar neste mundo colorido e flutuante.
Ao mesmo tempo, escrever sugere
permanência. Só sugere, porque na prática nada garante esta
imortalidade, mitologia, historicidade, como quer que a chame. A partir
do momento que se registra suas ideias no papel ou no monitor,
presume-se que estas persistam de alguma forma. Mas sabemos que quanto
maior a distância entre o emissor e o receptor maior a chance de que
algo dê errado ou seja incompreendido.
Imagine que o Facebook pudesse ser
psicografado: teríamos perfis de nossos bisavôs e bisavós. Será que
seriam espertos e engraçadinhos como nós? Primeiro há que considerar
que, dadas as estatísticas, deveriam ser paupérrimos e analfabetos,
caboclos, caipiras, caiçaras, bugres, escravos ou carcamanos. Ignore a
ausência física dos dedos, mas não sua brutalidade: como poderiam teclar
algo? É por isto que, por sorte, deles sabemos histórias, mas não
restaram cartas ou registros mais formais.
Mas vamos supor que seus bisavós eram
letrados e registraram sua conta no Facebook ou Orkut, vamos lhes dar a
possibilidade de estarem sintonizados com a Rede Social do momento. Será
que haveria fotos de viagens, de farras, bagunças e cervejadas?
Provavelmente você os acreditasse um tanto presunçosos, com retratos
posados em roupa de gala, diplomas, medalhas, certificados, ordem do
grau supremo da loja maçônica. Enquanto sua obrigação é ser feliz, a
deles era ser honrado, digno, um cavalheiro respeitável.
(Não se anime, crendo que éramos melhores: tudo falso. As hipocrisias unem nossas gerações. Apenas o enfoque era diferente.)
Eu entendo a preocupação de quem não
arrisca fotografar o mundo atual nas literatura: mouses, mp3, pendrive,
kindle, tablet, URL, fotoblog, YouTube, quanto destas coisas estarão aí,
na boca do povo (ou do monitor) daqui a dez anos? Quando se percebe que
a Internet gera menos conteúdo do que comunicação, via redes sociais,
fóruns, ou conversas pelo msn, skype ou equivalente, nota-se que estes
brinquedos, estas pequenas maravilhas se apequenam e tornam-se borrões
diante do maior mistério de todos: quem é a pessoa que está do outro
lado, atrás de seu perfil, ou de sua cara? Quem é você e, afinal, por
que não gosta de mim?
(Imagem: ?. Publicado originalmente AQUI)
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sábado, 11 de agosto de 2012
Telegrama
Heróis
a)
b)
(O clip de Fabio Jr, não lembro de onde veio: memória afetuosa minha.
O de Spiritualized, bom para caraglio, destruindo tudo que veio antes, veio do Esquema )
a)
b)
(O clip de Fabio Jr, não lembro de onde veio: memória afetuosa minha.
O de Spiritualized, bom para caraglio, destruindo tudo que veio antes, veio do Esquema )
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segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Escadas
Nº15: Anáfora

Primeiro um pé. Depois outro pé. E mais um pé. Depois outro pé. E vai um pé. Depois outro pé. E vem um pé. Depois outro pé. E então o pé. Depois outro pé. E sobe o pé. Firmam-se os pés.
Surge a garota, indo em direção à plataforma. A escada é rolante, portanto ela só faz é descer descer descer descer descer.
No meio do percurso, eles se vêem. Coração fazia Tum e Tum e Tum e Tum e Tum e Tum e Tum, porém agora é tumtumtumtumtumtumtumtumumtumtumtumumtumtum.
Ele deveria voltar seu caminho e ir falar com ela. Mas pra quê? Pra levar um fora como naquela vez? E teve mais aquela vez. E houve uma outra com a Ana. E daquela vez, então? E todas as vezes que não lhe deram vez ou voz. Ele continuou subindo.
Veio o metrô, que em seguida foi embora túnel adentro. Mas logo veio novo trem. Parou e foi embora. Em seguida, chegou outra composição. Deixou as pessoas, levou as pessoas, apitou e tchau. Veio mais um trem, burururum, sai aquele povo, entra outro povo, toca o sinal, fecha as portas e bye.
Ela também vai. Num destes trens, numa destas vezes.
(
Relembrando (retomando?) um "projeto" à la Raymond Queneau.
Aproveitando, Matt Madden fez algo mais fiel à ideia original, 99 ways to tell a Story - Exercises in style (em quadrinhos) que deve sair por aqui pela Cosac Naify
)
(imagem via SuperBlackSampler)
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segunda-feira, 23 de julho de 2012
Telegramas
Taking me home
You come here to my work
You come here every day
To make sure I'm still here
You look at me that way
Rings on my fingers
And bows in my hair
You think I'm your present
You'll unwrap me here
Is this a bad dream
Is this really my life
Well you wanna know
You'll show me tonight
I have this one face
And i only check out
It gets so far think it's time
Not for sale
Not your girl
Not your thing
I'm here on the counter
With no money down
For nine ninety nine
You're taking me home
A dozen red roses
A cute little house
A cheap little ring
The deal is cut, now
Something is messed up here
Something isn't right
We're supposed to be free
I'm supposed to be mine
This part of my body
That you're pricing now
I'm cutting it off
I'm throwing it out
Not for sale
Not your girl
Not your thing
Got me mixed up with somebody else
Got me mixed up with somebody else
(letra e música da banda sleater-kinney ; ilustração do japonês Namio Harukawa. Imagens > 18 aqui.)
You come here to my work
You come here every day
To make sure I'm still here
You look at me that way
Rings on my fingers
And bows in my hair
You think I'm your present
You'll unwrap me here
Is this a bad dream
Is this really my life
Well you wanna know
You'll show me tonight
I have this one face
And i only check out
It gets so far think it's time
Not for sale
Not your girl
Not your thing
I'm here on the counter
With no money down
For nine ninety nine
You're taking me home
A dozen red roses
A cute little house
A cheap little ring
The deal is cut, now
Something is messed up here
Something isn't right
We're supposed to be free
I'm supposed to be mine
This part of my body
That you're pricing now
I'm cutting it off
I'm throwing it out
Not for sale
Not your girl
Not your thing
Got me mixed up with somebody else
Got me mixed up with somebody else
(letra e música da banda sleater-kinney ; ilustração do japonês Namio Harukawa. Imagens > 18 aqui.)
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terça-feira, 26 de junho de 2012
Onirogrito
Outros espelhos distantes

Uns meses atrás, alguns artigos reclamavam do cenário habitualmente sombrio da ficção científica. Dentro do caderno Link do Estadão, o colunista Alexandre Matias dava espaço às ideias do neurocientista palmeirense Miguel Nicoelis. Conforme Nicoelis afirma, a ficção científica prefere os futuros apocalípticos: “Hoje em dia você pega um filme de Hollywood ou um livro best-seller, é tudo assim: ‘Vamos destruir a raça humana… Vai acabar o mundo… Vamos criar um híbrido de não sei o quê… Os computadores vão nos deixar obsoletos…’

Uns meses atrás, alguns artigos reclamavam do cenário habitualmente sombrio da ficção científica. Dentro do caderno Link do Estadão, o colunista Alexandre Matias dava espaço às ideias do neurocientista palmeirense Miguel Nicoelis. Conforme Nicoelis afirma, a ficção científica prefere os futuros apocalípticos: “Hoje em dia você pega um filme de Hollywood ou um livro best-seller, é tudo assim: ‘Vamos destruir a raça humana… Vai acabar o mundo… Vamos criar um híbrido de não sei o quê… Os computadores vão nos deixar obsoletos…’
Escritores gringos de ficção científica
também se comunam nesta percepção. O artigo de Alexandre Matias cita o
norte-americano Neal Stepherson e o crítico e escritor Antonio Luiz
M.C.Costa analisa Shine, uma antologia do holandês Jetse de Vries que se
propunha a ficção científica em um contexto otimista.
Costa ainda discorre sobre os motivos históricos que levaram a uma
preponderância das distopias e cenários pessimistas na Ficção
Científica, que, para mim, soou mais interessante que os contos de
Shine.
O fato é que esta conversa toda inverte a questão.
A ficção não molda a realidade. A realidade é quem molda a ficção.
A ficção fornece “lentes” que permitem
diferentes interpretações da realidade. Mas quem escolhe as
interpretações são os indivíduos. Qualquer pessoa que viveu os últimos
trinta anos de transformações abraçou – principalmente via consumismo –
todas as grandes mudanças que a ciência e tecnologia disponibilizou à
humanidade. O impacto destas mudanças acelerou a economia e a vida e
trouxe muitos benefícios. E, também malefícios. É inegável o sentimento
de descontrole, de se estar perdido em meio ao turbilhão.
E isto se espelha na ficção de, pelo
menos, duas formas: ou na fantasia de indivíduos absurdamente poderosos…
ou na distopia apocalíptica ou totalizadora na qual as pessoas são
meros joguetes.
Não existe bem ou mal. Existem gestos,
ações e reações. Para cada passo a frente, um mundo fica para trás, e
tudo que é belo e horrível também desaparece. Hoje não conseguimos
imaginar o que seria o mundo sem celulares, televisão , internet. E
também não conseguimos imaginar o que é silêncio, que estar sozinho é
diferente de estar solitário. “Acreditar” ne evolução do homem,
“acreditar” nos benefícios da tecnologia, “acreditar” que o futuro
sempre será melhor, é ignorar a realidade.
(Publicado originalmente aqui, na Terracota. Fonte da imagem: o tumbrl Metropolis of Tomorrow)
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segunda-feira, 25 de junho de 2012
Achados
a)Penas
Dá para fazer mais coisas com penas, além de travesseiros e adereços de madrinhas de bateria.
Vejam as obras de Kate MccGwire. Via La Zèbre Bleu
b)Ars vita est
Ótimo tumblr com arte, poesia, fotografia e outras cositas más. Com mais
"conteúdo" que o habitual do tumbrl (imagens, fotografias e aforismos) e com séries de postagens, organizado de um modo que jamais consegui fazer por aqui.
De lá veio a imagem abaixo, (Jean-Léon Gérôme, Le Barde Noir, 1888) de uma série de postagens "Orientalistas" (referência a Said)

c)Pombos Fotógrafos
Em 1908, um farmacêutico alemão chamado Julius Neubronner usava pombos-correio para a entrega de medicamentos. Ele desenvolveu um equipamento para que fotografar o voo dos pombos (sob o ponto de vista deles, lógico, senão não haveria graça). A falta de interesse militar ou comercial após a Primeira Guerra, fez Julius abandonar seus experimentos, mas a ideia ressurgiu brevemente após a década de 30, por um relojoeiro suíço e pelas forças armadas da França, Alemanha e a CIA. Fonte AQUI.
Via Pratinho de Couratos e Coisas do Arco da Velha.
A história soa fidedigna; muitos sites repetem a história, inclusive há recortes antigos de jornal sobre o assunto. Por outro lado, algumas imagens dos pombos com câmeras penduradas "parecem" colagem. Além disso, o que é mais estranho, existem poucas imagens disponíveis da rede (google) destas fotografias... São sempre as mesmas.
Mas pode-se considerar a possibilidade da coisa não ter dado lá muito certo e só ficaram as imagens que "deram certo".
Sei lá. Estou com o pé atrás.
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domingo, 24 de junho de 2012
Telegrama
Noite de São João para além do muro do meu quintal.
Do lado de cá, eu sem noite de São João.
Porque há São João onde o festejam.
Para mim há uma sombra de luz de fogueiras na noite,
Um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos.
E um grito casual de quem não sabe que eu existo.
(Noite de São João, Alberto Caeiro)
Via Beluga
(Já que estamos falando do Pessoa, segue um LINK para uma carta de Fernando Pessoa para Ophelia Queiroz, no blog - sempre muito interessante - "Questões Manuscritas" de Pedro Corrêa do Lago)
(Imagem: Gravura de Michael Heer (1626). Veio daqui)
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terça-feira, 12 de junho de 2012
Onirogrito
eu canto com muita coerência,
sobretudo inteligência
mas não deixo de ser um
(après Buraka Som Sistema Imagem: Arnold Böcklin, Luta de centauros (1873) )
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