quarta-feira, 31 de agosto de 2011

o medo







Baixaram uma lei proibindo os animais no circo. Não houve um clamor público em favor da classe dos domadores, nem mesmo defenderam os mansos, que, sem lugar para viver, foram encaminhados a zoológicos pelo interior ou abandonados em terrenos baldios e quintais, elefantes, macacos, ursos, tigres e leões revirando lixo. Apenas os cavalos tiveram melhor sorte e foram encaminhados ao circuito de Rodeios, este devidamente defendido por Deputados Distritais da Associação de Peões e Vaqueiros do Centro-Oeste.

O circo bem que tentou sobreviver com os equilibristas, os malabaristas, trapezistas, palhaços, a mulher gorda, o mágico e todos os demais heróis do entretenimento mambembe. Porém, o Ministério do Lazer e Diversões só oficializou um cenário que há muito se insinuava. Observem: primeiro, a Mulher Gorda mereceu a visita do Associação de Defesa dos Ampliados Horizontalmente. Em seguida, os Anões foram levados pelo Grupo de Assistência dos Portadores do Nanismo (Apelidados, que ninguém nos ouça, de Confederação dos Jogadores de Pebolim). Os malabaristas barrados por não terem registro na Ordem Federal dos Malabaristas. Os contorcionistas emigraram para outros países, mais flexíveis no Código de Segurança no Trabalho. Inclusive os palhaços... Desistiram de romper a barreira dos displays luminosos nas mãos da pequena plateia a brincar com joguinhos coloridos. Foram deixando o circo, à medida que passavam em concursos públicos ou assumiam cargos eletivos.

Restou uma família de equilibristas. Esticaram uma corda entre dois paus na praça da rodoviária e se apresentavam ali. Não havia lona e se arriscavam sob as ventanias e a teimosia dos pombos que ali descansavam. Durava uns cinco minutos e só. O menino recolhia moedas numa cartola velha.

Hoje não estão mais lá. Não se sabe bem o que rolou, apareceu o marido da outra, puxou a arma e disparou lá em cima. O pai caiu que nem passarinho. A mãe largou a vida de artista e lava e passa para pagar a educação dos filhos, que vivem sozinho no barraco perto do rio.

O filho tem medo de sair de casa. Ele diz que o mundo virou corda bamba.



(B.Baruq)



(Imagem DAQUI, de Jon Rafman, um artista que coletou fotos do Google Street View. Explicações AQUI)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Telegrama

Road to nowhere




Well we know where we're going, but we dont know where we've been
and we know what we're knowing, but we can't say what we've seen
and we're not little children, and we know what we want
and the future is certain, give us time to work it out

yeah

we're on a road to nowhere, come on inside
we'll take that ride to nowhere, we'll take that ride
feeling ok this morning, and you know
we're on a road to paradise, here we go, here we go

we're on a ride to nowhere, come on inside
taking that ride to nowhere, we'll take that ride
maybe you want me while i'm here, i dont care
even when time isnt on our side, i'll take you there, take you there

we're on a road to nowhere
we're on a road to nowhere
we're on a road to nowhere

there's a city in my mind so come on and take the ride, and it´s all right,
baby it´s all right

and it´s very far away, but it´s going day by day and it´s all right,
baby it´s all right

would you like to come along? you can help me sing this song and it´s all right,
baby it´s all right

they can tell you what to do, oh God they'll make a fool of you, and it´s all right, baby it´s all right

there's a city in my mind so come on and take the ride, and it´s all right,
baby it´s all right

and it´s very far away, but it´s going day by day and it´s all right,
baby it´s all right

would you like to come along? you can help me sing this song and it´s all right, baby it´s all right

they can tell you what to do, oh God they'll make a fool of you,and it´s all right, baby it´s all right

we're on a road to nowhere
we're on a road to nowhere
we're on a road to nowhere
we're on a road to nowhere

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Achados


(Imagem de Phil Kirkland, via 50 Watts)


a)Como seria a Terra, se ela tivesse anéis como Saturno?
Em inglês, AQUI. Mas há um video como o anel seria visto de lugares diferentes pelo mundo: Equador, Rio, Paris, Austrália, etc. (Via Neatorama)

Neste ótimo blog de "biologia especulativa", o Furahan Biology, algumas considerações e especulações sobre a influência dos anéis sobre o clima, baseado no quadrinho de Bourgeon e Lacroix, o Ciclo de Cyann (Acho que chegou a sair em Portugal, cito de memória). AQUI e AQUI


b)Bons links pra investigar as mentiradas que a gente vê na Internet
Em inglês, tem o Snopes E, em português: o Quatro Cantos


c)50 Watts
Via o Coisas ("Parece impossível mas há gente que ainda não conhece o 50 Watts, o ex-A Journey Round My Skull.") do Arco da Velha

d)A Vida é um Espasmo Cósmico no Sopro do Universo
Visita ao Palácio Subterrâneo do LSD de Gordon Todd Skinner


Strippers góticas e de rosto meigo, agentes duplos, sequestro, gênios da química, ciúmes, paranoia, um antigo silo de mísseis servindo de fábrica de LSD... Uma história policial hiperrealista. Via Vice.

e)Farra dos Remédios

Ainda sobre drogas, mas desta vez as "legais" nem tão legais assim. Leiam na Piauí deste mês (nº59) o artigo "A Epidemia de Doença Mental", escrito pela médica e escritora Marcia Angell (originalmente para a New York Review of Books).

Trecho:

"
Quando se descobriu que as drogas psicoativas afetam os níveis de neurotransmissores, surgiu a teoria de que a causa da doença mental é uma anormalidade na concentração cerebral desses elementos químicos, a qual é combatida pelo medicamento apropriado.

Por exemplo: como o Thorazine diminui os níveis de dopamina no cérebro, postulou-se que psicoses como esquizofrenia são causadas por excesso de dopamina. Ou então: tendo em vista que alguns antidepressivos aumentam os níveis do neurotransmissor chamado serotonina, defendeu-se que a depressão é causada por escassez de serotonina. Antidepressivos como o Prozac ou o Celexa impedem a reabsorção de serotonina pelos neurônios que a liberam, e assim ela permanece mais nas sinapses e ativa outros neurônios. Desse modo, em vez de desenvolver um medicamento para tratar uma anormalidade, uma anormalidade foi postulada para se adequar a um medicamento.

Trata-se de uma grande pirueta lógica (...). Era perfeitamente possível que as drogas que afetam os níveis dos neurotransmissores pudessem aliviar os sintomas, mesmo que os neurotransmissores não tivessem nada a ver com a doença. (...) [Seguindo este princípio,] se poderia dizer que as febres são causadas pela escassez de aspirina.

Mas o principal problema com essa teoria é que, após décadas tentando prová-la, os pesquisadores ainda estão de mãos vazias. (...) Antes do tratamento, a função dos neurotransmissores parece ser normal nas pessoas com doença mental. (...) Antes do tratamento, os pacientes diagnosticados com depressão, esquizofrenia e outros transtornos psiquiátricos não sofrem nenhum "desequilíbrio químico". No entanto, depois que uma pessoa passa a tomar medicação psiquiátrica, que perturba a mecânica normal de uma via neuronal, seu cérebro começa a funcionar... anormalmente.
"

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Telegrama




Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.



(Pintura: Nirvana, de Taner Ceylan)

domingo, 14 de agosto de 2011

Achados




Dilemas de pais


a)O Império da Verdade, por Bráulio Tavares

Trecho:

"Corolário: existem verdades factuais (coisas concretas que aconteceram e que podem ser comprovadas por testemunhas independentes), verdades intelectuais (coisas que, argumentadas, fazem sentido, mas existem apenas no plano das idéias e não podem ter comprovação material, nem precisam) e verdades afetivas, as mais difíceis de definir, mas que exercem talvez a maior pressão sobre as decisões que tomamos."


b)Brás Cubas e o gene do amadurecimento precoce, por Joca Reiners Terron

Trecho:

"Com a mudança hormonal, minha filha também mudou de hábitos. A principal mudança está relacionada ao uso do celular. Se antes ela atendia minhas ligações, agora não as atende mais. O diálogo secou, murchou, virou uma estática interrompida por interjeições monossilábicas pelas quais cobram 1 real o minuto. É um preço caro demais, esse.

Outros hábitos, entretanto, se mantêm. Um deles é a leitura de livros adiantados à sua faixa etária. O único culpado dessas leituras antecipadas sou eu, e acho justo que seja justamente eu a pagar o pato da incomunicabilidade atual.

Ao adiantar as leituras da Julia, eu me rebelava contra a chatice dos livros que lhe eram impostos na escola. Ao mesmo tempo, sem saber, inventava o chip que lhe extirparia a inocência. É claro que ler livros inadequados para uma determinada idade fornece apenas, digamos, o arcabouço teórico da existência, pois a dor prática sempre bate alguns palmos abaixo de onde fica o cérebro."


c)Pequenas Trapaças, por Aldo Quiroga

Trecho:

"Desde sempre temos um pacto por aqui: as coisas devem ser ditas como elas são. Claro que as adaptações se fazem necessárias, seja pela idade dos pequenos, seja pelo adiantado da hora. Mas o que chamo aqui de “pequenas trapaças” aparece em questões que não são aquelas vitais, que formarão o caráter. São aquelas coisas que tem mais a ver com a nossa sobrevivência."




(Imagem - via Caprichos de Cómic - Frederik Peeters. Segundo Raquel Cozer, Peeters será publicado no Brasil pela editora Tordesilhas, ilustrando o quadrinho Castelo de Areia. Mas ainda não é Blue Pills - conta a história de seu relacionamento com uma garota soropositivo nem Lupus, um "road movie" interplanetário.)

Telegramas



Um par


Mesmo quando ele consegue o que ele quis
Quando tem, já não quer
Acha alguma coisa nova na TV
O que não pode ter

Deixa de gostar
Larga a mão do que ele já tem
Passa então a amar
Tudo aquilo que não ganhou

Dê motivo pra outra vez acreditar
Na cascata da vez
Que você comprou assim, 0+10
Um presente pra mim

Mas se eu perguntar
De onde veio esse agrado
Você vai gritar
Diz que é homem feito, 'sei não
Aah, faça-me o favor

Diga ao menos o que foi
E se eu faltei em te explicar
Diz que a gente sempre foi
Um par

Sai domingo diz que é o dia de jogar
Mas que jogo, eu não sei
Fica até segunda o dia clarear
E troféu não se vê

Entra sem falar
Sai correndo e volta outra vez
Sem cumprimentar
Nem parece aquele

Eu rezo a Deus do céu
Alguém no chão
Diga-me o que foi que eu deixei faltar
O que eu não consigo entender
Como é que meu filho não é tão diferente assim de mim
Me faz entender

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Achados



(Via CONTRA)


a)Film noir photos

b)Susannah Breslin: jornalista e blogueira. Melhor blog de 2008, segundo Time.com.

Bom, esta moça desenvolveu alguns projetos bem interessantes, como estes: "Cartas de putos", "Cartas de mulheres trabalhadoras - no caso, trabalhadoras da indústria do sexo" e "Cartas de homens que veem pornografia". Há também um site contando a decadência da indústria pornográfica depois da recessão, internet e etc. Fora estes mais "picantes", temos "The War Project", com histórias dos veteranos do Iraque e do Afeganistão. Tudo em inglês. Sorry.

Apesar disso tudo, ela andava procurando emprego um tempo destes...

c)Retratos de pessoas que levaram picadas de cobra.


d)Pratinho de Couratos:
é o blog com postagens longas, verborrágicas e entupidas de linkagens do português Táxi Pluvioso.

Eis algumas das coisas que você pode encontrar por lá.

Conhece a esposa de Neil Gaiman? Não?

"Map of Tasmania (...) site. Amanda Fucking Palmer: “acho que a intriga deliberada não é o meu forte. Vou deixar isso para a PJ Harvey”, pianista, vocalista, compositora do duo Dresden Dolls e uma metade do duo Evelyn Evelyn. Casada com o escritor Neil Gaiman. Amanda regressou à sua ex-escola, a Lexington High School, para a peça “With the Needle That Sings in Her Heart”, inspirada por “In the Aeroplane Over the Sea” dos Neutral Milk Hotel, e organizada com os alunos do departamento de teatro deste liceu.  “Leeds United” ۞ “Oasis”: “história fictícia de uma fã dos Oasis e vítima de violação que faz um aborto” que todas as televisões inglesas recusaram transmitir."

ou ainda

"
Viagens penianas: “a maioria dos pénis pintados nas casas ou suspensos dos telhados no Butão são maiores que as pessoas”. No Japão, “é Primavera e isso significa uma coisa. Na verdade, duas coisas. Festivais de pénis e festivais de vaginas”: o Kanamara Matsuri (“festival do falo de aço”) e vaginas no santuário de Oogata Jinja.
"

VIsite com tempo e vontade de fuçar.

e)Neil Gaiman me lembrou Delírio que me lembrou Tori Amos.

Versão de Tori para "Smell like teen spirit"

Uma melhor da Patti Smith.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Telegrama


Desligue-se de tudo.



(este post dependeu quase que completamente DESTE do "Livro e Afins")

a)Antes

" No entanto, a nossa cabeça é, durante a leitura, apenas uma arena de pensamentos alheios. Quando eles se retiram, o que resta? Em conseqüência disso, quem lê muito e quase o dia todo, mas nos intervalos passa o tempo sem pensar nada, perde gradativametne a capacidade de pensar por si mesmo – como alguém que, de tanto cavalgar, acabasse desaprendendo a andar. Mas é este o caso de muitos eruditos: leram até ficarem burros. Pois a leitura contínua retomada de imediato a cada momento livre, imobiliza o espírito mais do que o trabalho manual contínuo, já que é possível entregar-se a seus próprios pensamentos durante esse trabalho. Assim como uma mola acaba perdendo sua elasticiadade pela pressão incessante de outro corpo, o espírito perde a sua pela imposição constante de pensamentos alheios. E, assim como o excesso de alimentação faz mal ao estômago e dessa maneira acaba afetando o corpo todo, também é possível, com excesso de alimento espiritual, sobrecarregar e sufocar o espírito. Pois, quanto mais se lê, menor a quantidade de marcas deixadas no espírito pelo que foi lido: ele se torna como um quadro com muitas coisas escritas sobre as outras. Com isso não se chega à ruminação: mas é só por meio dela que nos apropriamos do que foi lido, assim como as refeições não nos alimentam quando comemos, e sim quando digerimos. Em contrapartida, se alguém lê continuamente, sem parar para pensar, o que foi lido não cria raízes e se perde em grande parte. Em todo caso, com o alimento espiritual ocorre a mesma coisa que com o corporal: só a qüinquagésima parte do que alguém absorve é assimilada, o resto se perde pela transpiração, respiração e, assim por diante.

Além de tudo, os pensamentos postos em papel não passam, em geral, de um vestígio deixado na areia por um passante: vê-se bem o caminho que ele tomou, mas para saber o que ele viu durante o caminho é preciso usar os próprios olhos."

(Schoppenhauer, A Arte de Escrever)

b)Agora

Sobre os perigos da leitura
(trecho. Clique AQUI para ler tudo)
Rubem Alves


Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui designado presidente da comissão encarregada da seleção dos candidatos ao doutoramento, o que é um sofrimento. Dizer "esse entra, esse não entra" é uma responsabilidade dolorida da qual não se sai sem sentimentos de culpa. Como, em 20 minutos de conversa, decidir sobre a vida de uma pessoa amedrontada? Mas não havia alternativas. Essa era a regra. Os candidatos amontoavam-se no corredor recordando o que haviam lido da imensa lista de livros cuja leitura era exigida. Aí tive uma idéia que julguei brilhante. Combinei com os meus colegas que faríamos a todos os candidatos uma única pergunta, a mesma pergunta. Assim, quando o candidato entrava trêmulo e se esforçando por parecer confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de todas:

"Fale-nos sobre aquilo que você gostaria de falar!". Pois é claro! Não nos interessávamos por aquilo que ele havia memorizado dos livros. Muitos idiotas têm boa memória. Interessávamo-nos por aquilo que ele pensava. O candidato poderia falar sobre o que quisesse, desde que fosse aquilo sobre o que gostaria de falar. Procurávamos as idéias que corriam no seu sangue! A reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada. Aconteceu o oposto: pânico. Foi como se esse campo, aquilo sobre que eles gostariam de falar, lhes fosse totalmente desconhecido, um vazio imenso. Papaguear os pensamentos dos outros, tudo bem. Para isso, eles haviam sido treinados durante toda a sua carreira escolar, a partir da infância. Mas falar sobre os próprios pensamentos —ah, isso não lhes tinha sido ensinado! Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém pudesse se interessar por aquilo que estavam pensando.


(Estátuas de Banksy)