quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Achados



a)Domínio Público

Site "Public Domain"


b)A Cidade-Muro de Kowloon

(A cidade-muro-favela de Kowloon é citada no livro ldoru de Willian Gibson. Encontrei sua história AQUI)

"
Kowloon Walled City was a densely populated, largely ungoverned settlement in Kowloon, Hong Kong. Originally a Chinese military fort, the Walled City became an enclave after the New Territories were leased to Britain in 1898.
Its population increased dramatically following the Japanese occupation of Hong Kong during World War II. From the 1950s to the 1970s, it was controlled by Triads and had high rates of prostitution, gambling, and drug use. In 1987, the Walled City contained 33,000 residents within its 6.5-acre (0.03 km2; 0.01 sq mi) borders.
In January 1987, the Hong Kong government announced plans to demolish the Walled City. After an arduous eviction process, demolition began in March 1993 and was completed in April 1994. Kowloon Walled City Park opened in December 1995 and occupies the area of the former Walled City. Some historical artifacts from the Walled City, including its yamen building and remnants of its South Gate, have been preserved there.
"
Portanto, Kowloon não existe mais, mas encontrei uma "planta" AQUI, no Zoohaus. Algumas fotos aqui numa lista de 7 monumentos modernos arquitetônicos abandonados da Ásia, mas há várias pelo google.

c)Colecção Argonauta

"Este espaço é uma homenagem à Colecção Argonauta, um memorial que esperamos possa contribuir para esclarecer possíveis dúvidas relativas aos números publicados, bem como constituir um espaço de partilha, onde comentários relativos às obras possam ajudar a enriquecer o vasto universo de memórias aqui reunido."

d)Mistério Antigo

Sabe aqueles anúncios cheio de bugigangas e brinquedos supostamente maravilhosos que ficavam nas últimas capas das revistas importadas norte-americanas?

Então, um sujeito fez um livro revelando o que REALMENTE eram aqueles trecos. A maioria era pura enganação, mas o hovercraft realmente funcionava!!!



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Onirogrito

Vampiros x Zumbis





Vampiros e Zumbis são parentes. Ambos são mortos-vivos, são diferentes de fantasmas e demônios, uma vez que sua existência física não se discute.

Os vampiros são aristocráticos e elitistas. Os zumbis são a classe C. Os vampiros são criaturas especiais. O zumbi é gente como a gente. O vampiro vive em um castelo de onde sai para aterrorizar os indefesos. Os zumbis cercam shopping centers e casas isoladas, a última defesa possível contra suas hordas. Todos sabem os pontos fracos dos vampiros: alho, cruz, estacas, o sol. Zumbis são frágeis, morrem facilmente, sua força é o seu número. Mas não temem nada. São democráticos.

Os vampiros sobrevivem da exploração e do sangue de suas vítimas: são vistos como os senhores secretos do mundo. São elegantes, refinados, inteligentes, insidiosos, sedutores, provocadores. Os zumbis existem. Eles são o caos. Parecem bêbados, agem estupidamente. Vampiros e Zumbis são criaturas do desejo. Mas enquanto você deseja ser um vampiro, os Zumbis desejam você. O ataque do Vampiro o torna rico e eternamente jovem. A mordida do Zumbi o torna um idiota e um eterno mendigo.

O Vampiro da forma segundo a qual entendemos é relativamente recente, sua base se estruturando ao redor de Polidori, Le Fanu e Stoker[1] durante o século XIX. Nesta época, talvez, pudessem ser vistos como uma resposta do anseio burguês por um reconhecimento “nobre”. Depois dali se disseminou pela literatura, filmes, quadrinhos, discos, atravessando a maior parte do século XX. Eu estaria forçando muito se visse nos Vampiros e na sua relação com a humanidade uma metáfora política para exploração econômica e alienação? Não me ocorre nenhum caso, mas devem haver histórias nas quais Vampiros foram abordados sob o ponto de vista declaradamente político.

Já os Zumbis parecem ser moldados para este tipo de abordagem. Os Zumbis são criaturas ainda mais recentes no folclore do medo. Nos termos que nos interessam[2], os Zumbis se originaram no vudu haitiano. O Zumbi, inicialmente, seria um pobre coitado amaldiçoado que, após ser envenenado e “morrer”, tornava-se um escravo incapaz de desobedecer às ordens de um feiticeiro[3]. Mas este Zumbi inicial (que talvez remetesse à opressão da escravatura) foi ofuscado pelos criados por George Romero em “Night of the Living Dead”[4] e que, praticamente, redefiniu o mito a partir de então. Os Zumbis não são personagens, personagens são os outros que procuram escapar de seu ataque, e a história é montada basicamente na tensa relação entre os sadios contra os doentes.

Enquanto a tragédia do Vampiro é ser obrigado a ser “mau” e matar[5], o trágico no Zumbi é o fim da individualidade. Os zumbis são o olhar da sociedade “pressionando” a liberdade, nos restringindo, nos aprisionando. Adequado a nossos tempos neo-provincianos, onde o olhar do vizinho está na rede, querendo nossos miolos, querendo nos formatar sob um mesmo comportamento. Talvez seja revelador pensar que o sonho do último Vampiro de grande sucesso é ser igualzinho a todos os mortais.

 _____________________________________________________

[1] Histórias dos Vampiros – Autópsia de um Mito, Editora Unesp
[2] Há um livro francês de 1697 Le Zombi du grand Pérou, ou La comtesse de Cocagne e existem lendas de mortos-vivos similares aos zumbis na África Central 
[3] Posteriormente encontrou-se certa base “científica” para esta lenda, no caso de homem chamado Clairvius Narcisse. Veja AQUI
[4] Conforme o próprio Romero admitiu, sua principal influência foi “Eu sou a Lenda” de Richard Matheson.
[5] Uma tragédia um tanto relativa já que o cardápio da maior parte da humanidade contem animais mortos.





(publicado originalmente AQUI, no blog da Terracota. Imagem é a primeira das tiras de "Z" de Raphael Salimena, disponível no Quadrinhos IG)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Telegrama






a)Morte de Animais
(transcrição copia-e-cola de postagem do blog de "Um túnel no fim da luz" de Kelvin Falcão Klein, numa citação de citação de citação de citação)
"
Escrever sobre a morte de animais tem sido um exercício sistemático da literatura argentina: desde o célebre tigre morto por Facundo, de Sarmiento, e Yzur, de Lugones, até as caçadas sexuais e alimentares dos tadeys em O. Lamborghini [a tradução está "...de tadeys em O. Lamborghini", o que fica completamente sem sentido, já que os tadeys são os "selvagens", como em o território dos tadeys, etc] e as lebres de O desperdício (2007), de Matilde Sanchez, a literatura argentina tem feito dos animais mortos uma matéria recorrente sobre a qual se questionam sentidos [aqui, a tradução coloca um "por sua vez"] estéticos, históricos e políticos. Isso não tem nada a ver com uma especificidade nacional - como se a frequência de animais mortos nas ficções da cultura fosse o índice de uma violência argentina -, mas sim os traços de uma história e de uma política dos corpos, nos quais se exibem certas inflexões e particularidades locais. Nessa história e nessa política, por razões materiais evidentes, os matadouros sempre estiveram presentes: desde o texto clássico de Esteban Echeverría (mas também desde antes, nas cenas de sacrifício de animais no The voyage of the Beagle [que na tradução torna-se Voyage to the Beagle], de Darwin, ou no Lazarillo de ciegos caminantes, por exemplo [autor: Alonso Carrió de la Vandera; não sei porque a tradução manteve Darwin, arqui-conhecido, e não acrescentou o outro autor, mais obscuro]) até a cena da captura do touro fugitivo em Bajo este sol tremendo, novela [romance?] de Carlos Busqued, de 2009 (a qual reproduz a cena do touro do matadouro de Echeverría), passando por uma novela [romance?] de 1927, de título bastante óbvio, Los charcos rojos, de Gonzalez Arrilli, e por La hora de los hornos, o célebre filme de Fernando Solanas, em que uma montagem de imagens de matadouros e imagens publicitárias quer ilustrar a natureza da mercadoria. Os matadouros têm sido uma parte decisiva da paisagem das ficções e escrituras locais: um universo em que se costuram formas, sentidos, visibilidades e relações entre corpos.

 * Gabriel Giorgi. "A vida imprópria. Histórias de matadouros". Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Organização de Maria Esther Maciel. Editora da UFSC, 2011, p. 199-220 [a citação está na página 202, e vai aqui com algumas intervenções sobre a tradução - de resto, vale notar essa potência da enumeração, essa potência da série: uma imagem atravessa uma tradição literária e lhe dá um sentido provisório, armado para uma investigação específica, para uma inquietação particular daquele que vasculha o arquivo; neste caso, a imagem do matadouro, que é, na realidade, um feixe de imagens: o animal acuado, o animal agonizante, o animal morto, o gesto do assassino, a ferramenta do ato, a instalação do matadouro, seus galpões e acessos, seus sistemas sobrecarregados de escoamento, etc].
"

b)Consciência dos animais
Trecho de "Lato, logo existo", artigo de Sergio Augusto no Estadão (22/07/2012) sobre as evidências da consciência animal.

"
Em 55 a.C., o romano Pompeu patrocinou um grande espetáculo com homens e elefantes durante o qual os paquidermes, inferiorizados e encurralados na arena, tentaram e conseguiram despertar a compaixão da assistência por meio de gritos e gestos pungentes. Com pena dos elefantes, a multidão execrou Pompeu, reviravolta presenciada e comentada por Cícero. É um dos registros mais remotos de que os quadrúpedes, a seu modo, também cogitam e sabem atrair a solidariedade dos bípedes.

Elefantes são animais intensamente sociais, emotivos e solidários. Presenciei uma comovente demonstração de solidariedade e socorro a um elefante aparentemente doente por meia dúzia de outros, durante um safári fotográfico pelo Parque Nacional de Serengeti, na Tanzânia. Foi uma revelação, mesmo para quem, como eu, conhecia alguns dados posteriormente reunidos em Quando os Elefantes Choram (de Jeffrey Moussaieff Masson e Susan McCarthy), e havia lido as "conversas" de Konrad Lorenz com as bestas, as aves e os peixes, os ensaios de Diane Ackerman sobre as baleias, os crocodilos e outros bichos, e acompanhado pela imprensa as pesquisas de Jane Goodall com os chimpanzés, as de Dian Fossey com os gorilas e as de Sally Coxe com os socialmente exemplares macacos bonobos do Congo.

No reino da bicharada, os antropocêntricos fundamentalistas perdem todas. Até ratos de laboratório são dados a gestos de solidariedade e sacrifício, revelou faz pouco tempo uma experiência na Suíça. Muita gente ainda ignora que os porcos são muito inteligentes e sensíveis, além de limpíssimos por natureza (o primeiro editor da revista Granta, Bill Buford, cria em casa um suíno como se fosse um cachorro), e que as baleias, orcas, cachalotes e golfinhos têm o triplo das células fusiformes dos cérebros humanos. Essas células são fundamentais para o desenvolvimento da empatia.

Em 2006 descobriram no zoológico do Bronx um elefante que se reconhecia no espelho. E depois outro, e mais outro. Bichos que passam no teste do espelho, como os citados elefantes, certos primatas, golfinhos e uma espécie de pássaro chamada pica-pica, são supostamente mais próximos dos humanos e mais necessitados de nossa proteção. Foi dessa premissa que a biopsicóloga Diana Reiss, do Hunter College, partiu para sua pesquisa sobre a capacidade perceptiva e interativa de determinados mamíferos.

Reiss é uma das signatárias do Manifesto de Cambridge. Como os demais signatários, ela espera que, diante das evidências de que os animais "pensam, logo sofrem" (cogito, ergo patior?), a sociedade dos humanos passe a tratá-los com mais respeito, dignidade e carinho.
"

c) Elefantes em Roma.
(O Sergio Augusto mencionou e fui googlear. Encontrei a referência em inglês sobre a piedade dos romanos pelos elefantes AQUI no interessante Encyclopedia Romana, no qual descobri que Plínio (seria aquele que morreu em Pompeia? Preciso ver.) e Sêneca também mencionaram o evento.)
"
Whereas the Greeks and Carthaginians used elephants mainly in war, the Romans used them primarily for spectacle, the first time in 275 BC, when those that had been captured from Pyrrhus were displayed in triumph. In 55 BC, when Pompey dedicated his theater, the events in the Circus included venationes. Plutarch says that five hundred lions were killed, but there was "above all, an elephant fight, a most terrifying spectacle" (Life of Pompey, LII.4). Cicero, who was present, wrote to a friend that there were two animal hunts a day, which lasted for five days. "The last day was that of the elephants, and on that day the mob and crowd were greatly impressed, but manifested no pleasure. Indeed the result was a certain compassion and a kind of feeling that that huge beast has a fellowship with the human race" (ad Familiares, VII.1).
In his Natural History, Pliny records the same poignant event (VIII.7.20). Twenty or so elephants were cruelly killed and, "when they had lost all hope of escape tried to gain the compassion of the crowd by indescribable gestures of entreaty, deploring their fate with a sort of wailing, so much to the distress of the public that they forgot the general and his munificence carefully devised for their honour, and bursting into tears rose in a body and invoked curses on the head of Pompey."
Seneca, too, refers to the slaughter in De Brevitate Vitae (XIII),
"...does it serve any useful purpose to know that Pompey was the first to exhibit the slaughter of eighteen elephants in the Circus, pitting criminals against them in a mimic battle? He, a leader of the state and one who, according to report, was conspicuous among the leaders of old for the kindness of his heart, thought it a notable kind of spectacle to kill human beings after a new fashion. Do they fight to the death? That is not enough! Are they torn to pieces? That is not enough! Let them be crushed by animals of monstrous bulk! Better would it be that these things pass into oblivion lest hereafter some all-powerful man should learn them and be jealous of an act that was nowise human. O, what blindness does great prosperity cast upon our minds! When he was casting so many troops of wretched human beings to wild beasts born under a different sky, when he was proclaiming war between creatures so ill matched, when he was shedding so much blood before the eyes of the Roman people, who itself was soon to be forced to shed more. He then believed that he was beyond the power of Nature. But later this same man, betrayed by Alexandrine treachery, offered himself to the dagger of the vilest slave, and then at last discovered what an empty boast his surname was."
The elephants, writes Cassius Dio, "were pitied by the people when, after being wounded and ceasing to fight, they walked about with their trunks raised toward heaven, lamenting so bitterly as to give rise to the report that they did so not by mere chance, but were crying out against the oaths in which they had trusted when they crossed over from Africa, and were calling upon Heaven to avenge them" (XXXIX.38).
And so they were: Seven years later, Pompey was stabbed to death in Egypt.
"

d)Manifesto de Cambridge

A coluna de Sergio Augusto dizia respeito a um grupo de 13 neurocientistas que se reuniu em Cambridge para discutir diversos estudos sobre a consciência. O resultado, além de afirmações como "As evidências apontam que os humanos não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram a consciência", foi um Manifesto "confirmando" (será que precisava de confirmação?) que diversos animais podem sentir afeto ou sofrer. O Manifesto, em inglês, está AQUI e pode ser lido durante seu almoço na churrascaria.



(imagem? via If Charlie Parker...)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Achados



a)
(Arte de Robert e Shana ParkeHarrison)



dreamfall

earthcoat

kingdom


Via Precious Light Tumbrl



b)
 (Dino Valls )





Via Precious Light Tumbrl 

c)Genética e mercado aumentam risco de incesto involuntário

(Notícia de 2011)

"Recorrer excessivamente ao esperma de alguns doadores aumenta o risco de transmissão de doenças genéticas e incestos involuntários entre meio irmãos e irmãs com o mesmo pai, alertaram especialistas.

O tema, em discussão há vários anos, inspirou recentemente o filme canadense "Starbuck", de Ken Scott, que conta as aventuras de um doador de sêmen que vai ao encontro de seus 533 filhos.

A história, sobre a busca do pai biológico, é semelhante a de Barry Stevens, diretor de documentários.

Stevens, cineasta de Toronto e nascido na Grã-Bretanha há 59 anos, graças ao sêmen de um doador, descobriu ter dezenas de meio irmãos e irmãs no Canadá, nos Estados Unidos e na Europa. Estima-se que esta fraternidade tenha entre 500 e 1.000 integrantes em todo o mundo."

(Encontrei inteira AQUI)


d)Voando com os abutres na África do Sul.

Um belo vídeo AQUI. Para descobrir algo sobre o Parahawking (voo de paraglider + falcoaria) no Coilhouse AQUI. Me pareceu bonito, mas tem sabor de "tourist trap".

e) Crise na Europa

Em Portugal, cortes nos feriados e nos gastos das famílias. Na Espanha, estão desligando os semáforos para economizar.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

a biblioteca de Alexandria









Um homem no Cairo pede um café e abre um livro. Antes de começar a ler, distrai-se com a paisagem restrita e entulhada de gente e mercadorias em exposição na rua. Acende um cigarro e se detem sobre um par de velhos entretido numa partida de gamão. Em outra mesa, um senhor elegante tosse perdigotos enquanto transfere resultados do futebol do jornal para uma caderneta. Uma mulher apressada passa arrastando sua filha que tenta seguí-la. Um garoto surge e oferece engraxar sapatos e vender haxixe. Em uma das janelas acima, escuta-se um choro miado de criança. Numa outra mesa, um senhor ri sozinho diante do Ipad. Um vendedor de bexigas e cataventos oferece um inflável com a forma do Bob Esponja. Saiu o novo filme do Homem Aranha, assista dublado no Gizé Center Shopping, veio por uma mensagem no celular. Um velho dormita enquanto espera clientes. Um rádio ligado dispara nova música da M.I.A. Sob o solo, escavam o túnel do metrô destruindo artefatos milenares. Dois jovens turistas debatem a real influência da Internet na Primavera Árabe. Um deles discute de forma enfática e, concomitante, escuta música mp3 no fone. Na televisão é o horário das notícias: um apresentador conhecido por ligações próximas com senhores pouco honestos expressa revolta e indignação: houve um desvio brutal de verbas destinadas originalmente para a construção da nova biblioteca de Alexandria. O garçom usa o controle remoto e muda para um canal de esportes no qual se transmite uma antiga corrida de Fórmula 1. O café chega, aguado como chá. O homem que lhe serve tem uma tatuagem de chefe apache. O cliente toma um gole, acha horrível, deixa algumas piastras e se retira: a xícara praticamente cheia, no qual logo se afogará uma mosca. O livro ficou aberto na mesa e não há nem uma brisa capaz de folheá-lo.







(Fotografia (a mais conhecida, talvez?) de Peter Beard. Aqui, um blog para o turista explorador colonial.)

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Telegrama



Assalto? Como evitá-los







01. Não sair de casa.


02. Não ficar em casa.


03. Se sair, não sair acompanhado. Nem sozinho.


04. Se sair sozinho ou acompanhado, não sair a pé. Nem de carro.


05. Se sair a pé, não andar devagar. Nem depressa. Nem parar.


06. Se sair de carro, não parar nas esquinas. Nem no meio da rua. Nem nas calçadas. Nem nos postos de gasolina. Nem nos sinais. Melhor é deixar o carro e pegar uma condução.


07. Se pegar uma condução, não pegar ônibus. Nem táxi. Nem trem. Nem carona.


08. Se decidir ficar em casa. não ficar sozinho. Nem acompanhado.


09. Se ficar sozinho ou acompanhado, não deixar a porta aberta. Nem fechada.


10. Como não adianta mudar de cidade, nem de país, o único jeito é ficar no ar. Mas não num avião.








 (de Leon Eliachar)








(Texto de "O Homem ao Meio", livro de 1979. Leon Eliachar foi assassinado em 1987, aos 66 anos de idade, a mando de um rico fazendeiro paranaense com cuja esposa o autor vinha mantendo um romance. Trecho de sua biografia no Releituras: "Há pouquíssimo material sobre o biografado. A maior parte são artigos escritos por ele e por amigos, todos muito bem humorados, cheios de nonsense, o que bem demonstra o espírito do biografado." Outros textos de Leon AQUI e ALI.

Foto da Velhinha armada: ¿? 18 freiras armadas. Foto das armas de brinquedo: não sei.)