quarta-feira, 30 de novembro de 2011

domingo, 27 de novembro de 2011

Achados





a)Silvio Cadelo

Ilustrador italiano, desenhista de quadrinhos. Antes de ir para os quadrinhos, foi ator, profissional de publicidade e designer industrial. Trabalhou em revistas como a Linus, Alter e a Frigidaire. Na França, trabalhou com Jodorowsky em dois livros, 'Le Dieu Jaloux' e 'L'Ange Carnivore', duas histórias inacabadas que foram mais tarde reimpressas e concluídas como 'La Saga d'Alandor' (Informações retiradas da Lambiek). Segundo o Wikipedia, aconteceram desentendimentos entre Cadelo e a história foi interrompida. Quem conhece a história percebe alguns "remendos" na conclusão.

Eu o conheci através desta série repleto de seres absolutamente estranhos.

Ainda hoje, passados tantos anos, ainda são as criaturas mais alienígenas que já vi, no sentido de serem MUITO diferentes. Seres com duas cabeças, apêndices cranianos, um único braço para dois antebraços, cabeças espalhadas pelo corpo, assassinas de três seios e um único braço, uma lepra que acrescenta membros e cabeças... Depois conheci Envie De Chien e o estranho Saci Amarelo hermafrodita (Com duas coxas que se juntam em um pé). E ainda assim harmoniosos, com uma "beleza" própria, muito diferente das criaturas alienígenas hollywoodianas. Vão muito além de orelhas pontudas e aspecto reptiliano. Posso estar maluco, mas me remeteram ao pintor medieval holandês Hieronymus Bosch.

As imagens vieram do "The Mafu Cage". O site oficial de Cadelo (que também colaborou em games) é ESTE (on français).


b)Fotos bizarras em preto e branco.

Como por exemplo, ESTA.

Black and WTF?

(Via Neatorama)


c) Mike, a galinha sem cabeça.

Esta galinha viveu por 18 meses sem a maior parte da cabeça. Apesar de muitos a considerarem uma fraude, a ave foi levada a uma universidade que atestou a veracidade do caso. Eu conhecia a história através da revista Mundo Estranho, mas esta é primeira vez que esbarro numa foto do bicho.


Acredite... se quiser
.


d)Dilemas da Genética AQUI

Palavras de Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humana, ligado ao Instituto de Biociências da USP. Trecho:

Quem não deve...

Se você é apontado como pai de uma criança e se recusa a fornecer seu DNA, é automaticamente considerado, por lei, pai dela. O que se advoga para defender essa ideia? A proteção da criança. Ela tem direito a ter um pai e a ter um suporte financeiro vindo dele. Ao mesmo tempo, outra lei estabelece que um suspeito de crime pode se recusar a fornecer seu DNA por não querer dar provas que talvez sejam usadas contra ele. Minha pergunta é: será que não deveria valer a mesma lei, ou seja, se a pessoa se recusa a fornecer o DNA, não deveria ser suspeita do crime? Nesse mesmo sentido, não deveríamos nos preocupar em defender a sociedade? Eu, por exemplo, não tenho nenhum problema em fazer um teste de bafômetro quando estiver dirigindo. Você pode ter certeza de que eu vou passar no teste. A pessoa que está sendo investigada e não tem culpa no cartório não vai se preocupar com a investigação do DNA porque não vão encontrar material genético dela na cena do crime.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Telegrama






“Você publicou seu primeiro livro em 1974. Lá se vão mais de 35 anos de poesia. Poesia não dá retorno financeiro algum. Muitas vezes, nem sequer prestígio, nada. Então, que tipo de energia faz com que uma pessoa se dedique a poesia durante tanto tempo?

É uma energia essencial, difícil de descrever. Na verdade, é a única realidade que conheço. Outro dia a minha mulher ficou indignada porque eu disse a ela que entre as cinco pessoas mais importantes da minha vida uma delas é Shakespeare. Ela ficou indignada. Não compreendia. Ele é fundamental pra minha vida, me sustentou emocionalmente em vários momentos, me fez revelações extraordinárias. Esse elenco de vozes com as quais a gente caminha, e a nossa própria voz que vai sendo construída numa relação crítica , ou no endosso ou na demolição desses gurus que nos antecedem, isso é a única coisa fundamental.




(Final da entrevista que o poeta Geraldo Carneiro deu a Ademir Assunção, na revista Coyote nº22. Abaixo um poema dele:)









bazar de espantos

eu não tenho palavras, exceto duas
ou três que me acompanham desde sempre
desde que me desentendo por gente,
nas priscas eras em que era eu mesmo.
agora sou uma espécie de arremedo,
despido das minhas divinaturas.
já não me atrevo ao ego sum qui sum.
guardo no entanto em meu bazar de espantos
a palavra esplendor, a palavra fúria,
às vezes até me arrisco à palavra amor,
mesmo sabendo por trás de suas plumas
a improvável semântica das brumas
o rastro irremediável de outro verso
ou quem sabe a sintaxe do universo


(Geraldo Carneiro, 2006)




(Obra do artista Kumi Yamashita, via Le Zèbre Bleu)

domingo, 20 de novembro de 2011

Escadas


Nº14: Desconcerto



O altofalante emite dois toques anunciando a voz do condutor da composição. Próxima estação, tal.

(João escuta música em seus fones de ouvido)



O trem é um modelo dos anos 70, logo será substituído por um destes novos, com televisão, ar condicionado e mais espaço para se espremer em pé. Do escuro do túnel chegam rangidos de freios, soa doloroso, o peso das toneladas sobre os trilhos emite estrondos, passadas de gigante, marteladas. Todos ao redor adultos urbanos civilizados, indiferentes à canção grotesca cotidiana.

(João está concentrado no setlist. Agora é Life on Mars, Bowie)



Na tal estação, moedas tilintam pelo chão e interrompem Maria por um momento, até que outros auxiliem a senhora diante da bilheteria. Ela continua seu caminho, passa pela catraca, também um modelo antigo, logo trocarão por outro tipo, mais difícil de burlar. A borboleta gira com força, bate ao final de sua volta com uma pancada surda. Maria pisa sobre o degrau da escada rolante, o corrimão de borracha corre – literalmente – criando um murmúrio próprio. Dentro da máquina, as engrenagens batem em um ritmo cardíaco. Ela desce os degraus, apressada, escuta a aproximação do trem e não quer perdê-lo.
(Maria não usa fones)



Porém ainda há outro lance para vencer e não dará tempo. Pois quem estava na plataforma já ouviu. Ouviu o silêncio do túnel se cobrir pelo sopro das correntes empurradas pela composição, ouviu o vento velejando nas orelhas, a brisa sugerindo horizontes e mares na memória e não tumbas de concreto. Depois escutou o trinado da linha na promessa do trem, o grito histérico das rodas, a passagem cadenciada dos vagões em baixa velocidade, assovios, suspiros e chiados, água fria jogada em chapa quente, e as portas automáticas se abrem, ao correr rodopiante de carretilhas ocultas.

(João desembarca. Agora é Tocando em Frente, Almir Sater, quase acabando)



As pessoas viajam em seus mundinhos particulares, não escutam os passos dos passageiros, pequenas conversas, um choro de bebê, um espirro mais ali. A multidão reduz velocidade quando se aglomera diante da escadaria, as solas dos pés chiam no chão aguardando sua vez de subí-la. E chiam novamente sobre os degraus, cada qual em seu compasso, mas ao ouvido soa um único chocalho calmo.
(Maria gosta de música, como todo mundo, mas não a todo momento)



Ela para de correr, um pouco porque o trem embaixo já emitiu o sinal de fechamento das portas, outro tanto porque os passageiros se esparramam a frente e eliminam qualquer chance de corrida. Maria conforma-se, mas bufa um muxoxo entre lamento e revolta. Desce um novo lance de escada rolante, e distrai-se com o rebanho em passo de marcha mansa, quase uma invasão tranquila avançando sobre a escadaria ao lado. Maria observa João, seu rosto lhe é familiar, mas o contexto errado atrapalha o reconhecimento.
(João, por sua vez, está em Save Tonight, Eagle Eye Cherry e os acordes transportam a ele e a seu humor para outro patamar, se ele tivesse pedais, aceleraria saltaria nuvens)



Maria se recorda de João, tempos de colégio, namoros imaginados que nunca se realizaram, e lhe pareceu um sinal, um sinal de como as coisas deveriam ser.

(Pois, algo, para ser especial, precisa ser raro)



Ela se volta e grita “João, João”, mas ele segue reto, sem olhar para trás, embalado na canção. Maria ficou parada ao pé da escada vendo-o subir, cogita uma outra tentativa, suportando a mistura de vergonha e humilhação.

(Mas o sentimento ainda seria pior se ela se soubesse trocada pelo Eagle Eye Cherry, um reles irmão de Neneh Cherry, um nome bisonho como Olho de Águia Cereja, um sueco que fez duas ou três músicas que prestam, mas que jamais será o Abba, alguém tão vendido que tocou até no Big Brother Brasil. Porém, poderia ser outro: Asa de Águia, Brahms, Cole Porter ou a Mona Lisa, que pessoa, carne-pêlos-osso-vagina, quer ser trocada por este tipo de abstração?)



Maria desiste, está atrasada para a audição e, afinal, são outros tempos. Tempos de ir em frente.

(Antes era agora ou nunca, anote agora meu número, fique, não se vá, antes era "Sinal Fechado" ou "A Lista" agora é o que estiver no MP3 ou simplesmente “Que se dane, depois passo um recado no Orkut”.


Ou no Facebook: os tempos continuam mudando.)










(foto: escada do Convento de Cristo (Tomar))

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Telegrama


Fahrenheit 451




Las flores que nos regalaban se cuidaban solas o se estropeaban. Depende de quién trajera nuestro regalo a casa. la gente nos sonreía o disimulaba sin ninguna gracia, los brazos se nos juntaron para ser algo más grande que el universo. Ahora, las cosas no van tan bien, podríamos decir que todo huele. Casi todas las personas buenas que me rodeaban eran la peor basura que puedas tirar. Cerdos ignorantes sois unos hijos de puta. Lo siento no puedo evitarlo, verdad que no puedo evitarlo.

Algunos me aconsejaban que me rindiera o que me callara, yo era el dedo en el culo de todo aquel que me cruzaba. Los días iban pasando y todavía tu me negabas. Litros llenos de mierda, no me miraban ni a la cara. Pero ahora, para ellos no está tan bien, también podríamos decir que es una pena. Que casi todas las personas buenas que me rodeaban eran la peor basura que puedas tirar. Cerdos ignorantes sois unos hijos de puta. Lo siento no puedo evitarlo, verdad que no puedo evitarlo. Cerdos ignorantes sois unos hijos de puta. Lo siento no puedo evitarlo, verdad que no puedo evitarlo.

Si alguno que escuche esto le sienta mal o le quemaba, que sepa que yo no opino, que solo cuento lo que pasaba. Si no puede aguantarlo, que piense un poco que esto se aclara. Si no te gusta esta letra tenemos guerra declarada.




(letra do espanhol Ivan Ferreiro; gostei da letra, mas não da música; entretanto, o clip compensa uma espiada. Foto? via o amendrontador Kalyuga)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Achados





a)ICONOGRAFIA ZOOLOGICA

Coleção de gravuras do século XIX, que reúne várias coleções pertencentes às bibliotecas da Sociedade Real Zoológica Holandesa. Além destas gravuras, há muitas outras impressões de outras publicações dos séculos XVII, XVIII e XIX. Quase 20 mil destas obras estão disponíveis neste LINK, no Memory of Netherlands (vr em inglês).

Informações VIA Bibliodissey.

b)Pra quem está procurando um "clima".

The Art of Memory

Lists for memory, research for making movies, melancholia

Algumas postagem de interesse "sonoplástico":
-Perseguição de carros em Bullit;
-Drowned by voices;
-Time, rhythm and editing (Tarkovsky).
-Imagens do filme "Aprili"(1961), de Otar Iosseliani


c)Um bom site com ilustrações: The Mafu Cage. As imagens acima vieram de lá e pertencem a um sujeito chamado Gabriel Moreno.

d)O lado B dos BRICS

Você ainda lembra - ou sabe - o que é um Lado B? Não?De todo modo, segue análise de Gilson Schwartz sobre as esperanças e as desesperanças depositadas sobre os "gigantes" periféricos e populosos que salvariam a economia do planeta.

Trecho:

"Já se gastaram rios de tinta e papel em provas e contraprovas da existência ou resistência da ideia de BRIcs – Brasil, Rússia, Índia, china e África do sul – como próximos gigantes no desenvolvimento econômico do mundo.

O ícone assume a forma de uma sigla que aparentemente facilita o planejamento e a tomada de decisões em um complexo contexto de incertezas conectadas por redes digitais que tiram sentido à própria noção de espaço.

Enquanto os mercados ficam desnorteados, a fuga é fingir que as fronteiras sumiram, o espaço derreteu e as nações se reinventam pela força ou pelo delírio. assim surgiu também a ilusão de um descolamento (decoupling), que seria a fé nos países periféricos e mais populosos como âncora na resistência à crise global.

“Monstros” como China ou Brasil assumiriam a liderança de uma recuperação que a cada rodada na espiral do desgoverno revela-se como especulação precoce.

Nesse contexto de mistificação, um exercício saudável é olhar o lado B dos BRIcs. "

(...)

"Quem olhar para as várias reuniões de cúpula promovidas por governos dos BRICS nos últimos anos rapidamente perceberá que eles podem ter muitos aspectos econômicos que induzem à crença no seu potencial econômico, mas não têm um discurso comum. Não votam juntos na ONU, nem no FMI. Não compartilham projetos políticos, sociais ou culturais. São apenas um monstro sem voz, um Golem a serviço da especulação que a cada rodada da crise se agarra a um ícone para evitar o pior."

Texto completo AQUI, na Revista Select de setembro de 2011. Boa revista.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Telegrama






As árvores todas todinhas vão pif.
as rochas todas todinhas vão paf.
a natureza toda todinha puf.

Os carinhas todos todinhos vão pif.
as minas todas todinhas vão paf.
o casamento todo todinho puf.

Os eslavos todos todinhos vão pif.
os judeus todos todinhos vão paf.
a Rússia toda todinha puf.

(início de outubro de 1929)





Tradução de Reiners Terron para poema de Daniil Kharms. Imagem... esqueci.

Complemento:
Outras histórias de Daniil Kharms, em inglês, AQUI, via Coisas do Arco da Velha

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

la nuova decrepitezza







Gostou da piada? É ilegal, mas é boa... No meu tempo, ria-se HAHAHA. Hoje, só se vê é KKKKK. Este mundo está perdido... Mas eu aderi. Se há uma regra que vale desde sempre é a de não se perder sozinho. Para você, isto é óbvio (aprendem na escola). Mas no meu tempo, não. A gente queria ser diferente... sozinho. Era legal naquela época. A maconha não, esta era ilegal. Era da planta. Tinha que queimar. Era menos perigoso do que parece. Não vinha em pílulas. Comida pequena para gente pequena. Eu me lembro, você não. Você estava no saco do saco do meu espermatozoide. Eu me lembro das festas. Funcionava de outro jeito: você tinha amigos, você ia. Não precisava pagar. Não era networking. A gente só falava merda, não tinha interesse. Éramos puros, puros feito cocaína. Não, não tinha anúncio. Existia um botão chamado BRILHO, você mexia nele e deixava tudo preto ou tudo claro, de doer a vista. O telefone era de disco. Tinha um fio todo enrolado, era uma mola mole. Tínhamos livros. Tínhamos tablets. Tínhamos cavalos. Era tudo diferente. Lembro do relógio-cuco, do mata-borrão, do bug do milênio. No Carnaval, eles se fantasiaram de torres. Eram duas caixas compridas cobertas de papel alumínio. No alto, penduraram uns aviões de plástico e uns bonequinhos. Jogamos bombinhas dentro das caixas, eles ficaram putos. A gente tinha cada cada ideia. Inventaram um negócio chamado flash mob. Eu era criança, mas tinha chip, então me deixaram ir em alguns. Acho que tenho um JPEG. Não abre, também é incompatível. Mas eu lembro. Num, nós nos vestimos de capa amarela de chuva e gritávamos HURRA para cada automóvel que passava. Noutro, nós nos espalhamos pela estação e brincamos de estátua por dois minutos. Teve uma vez que queimamos um dorminhoco. Depois, pintamos nossas caras e derrubamos um presidente. Ou uma ditadura. Ou foi o contrário? Não lembro mais. Quer dizer, lembro sim. Lembro que deu para comer muita mulher. Não, não é piada.








(.imagem DAQUI. Se o italiano estiver errado, avisem)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Telegrama



O mellow my dreams you've gone away

O empty belly it's good to see you

O my dreams of these quiet people

O you and me dancing on my grave.



But oh lord, I know what I've done

And oh lord, I ain't afraid.



Hold me baby, cause your eyes are

Hold me baby, cuase your eyes are

The prettiest eyes I've ever seen in my life, honey we're bound for the night.



O mellow my son you've gone away

O empty belly it's time to feed you

O my future with these quiet people

O you and me dancing on your grave.



But oh lord, I know what I've done

And oh lord, I ain't afraid.



Hold me baby, cause your eyes are

Hold me baby, cause your eyes are

The prettiest eyes I've ever seen in my life, honey we're bound for the night.