segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Telegrama

Strange Fruit






Southern trees bear strange fruit
Blood on the leaves and blood at the root
Black bodies swinging in the southern breeze
Strange fruit hanging from the poplar trees

Pastoral scene of the gallant south
The bulging eyes and the twisted mouth
Scent of magnolias, sweet and fresh
Then the sudden smell of burning flesh

Here is fruit for the crows to pluck
For the rain to gather, for the wind to suck
For the sun to rot, for the trees to drop
Here is a strange and bitter crop

(Billie Holiday, 1939)


* * *

"Billie Holiday tinha apenas 23 anos quando cantou pela primeira vez "Strange Fruit".

Ela estava no palco do Café Society, "a única boate de Nova York realmente integrada", descreve o jornalista americano David Margolick, referindo-se ao fato de que este era um dos raros locais em que brancos e negros eram tratados como iguais, em 1939, nos Estados Unidos.

Mas mesmo ali, continua Margolick, Billie Holiday teve medo de interpretar "uma canção que atacava de frente o ódio racial, numa época em que nem se sonhava com a música de protesto".

"Não houve nem mesmo uma tentativa de aplauso quando eu terminei", escreveu Holiday em sua autobiografia. "Então uma pessoa começou a aplaudir nervosamente. De repente, todo mundo estava aplaudindo."

Nos 21 anos seguintes, até sua morte, aos 44 anos, Billie Holiday causou comoção todas as vezes que entoou "Strange Fruit", música que descrevia o horror dos linchamentos de negros nos Estados do sul do país.

A trajetória dessa triste canção inspirou Margolick a escrever "Strange Fruit - Billie Holiday e a Biografia de uma Canção" (2000), que chega agora ao Brasil."




(Para ler o restante da matéria de Adriana Ferreira Silva na Folha, clique AQUI. A imagem é do linchamento de C.J.Miller em 1893. Encontrei  no Abagond. Outras informações sobre sua morte injusta, AQUI e AQUI.)