segunda-feira, 19 de julho de 2010

Achados

a)




O velho caçador


"Era um velho caçador acampado e o caçador compartilhou seu tabaco com ele e lhe falou sobre o bisão e dos embates que tivera com eles, deitado em uma cavidade em alguma elevação com os animais mortos espalhados pelo terreno em volta e a manada começando a circular confusa e o cano do rifle tão quente que os pequenos retalhos de limpeza chiavam ali dentro e os animais aos milhares e às dezenas de milhares e as peles esticadas cobrindo verdadeiras milhas quadradas de terreno e as equipes de peleiros se revezando dia e noite e a sucessão de semanas e de meses atirando e atirando até as estrias dos cano ficarem lisas e o encaixe da coronha ficar solto e as manchas amarelo-azuladas dos ombros aos cotovelos e os carroções em comboios gemendo através da pradaria e as juntas de vinte e de vinte e dois bois e os couros enrijecidos às toneladas e centenas de toneladas e as carnes apodrecendo ao chão e o ar zunindo de moscas e os abutres e os corvos e a noite um horror de rosnados e de presas rasgando com os lobos meio enlouquecidos se espojando na vertigem da carniça.

Vi as carroças Studbaker com parelhas de seis e oito bois rumando para os campos de caça sem outra carga senão chumbo. Galena pura e mais nada. Toneladas. Só aqui nesta região entre o rio Arkansas e o Concho foram oito milhões de carcaças pois esse tanto de peles que chegou no terminal do trem. Faz uns dois anos a gente saiu de Griffin para uma última caçada. Vasculhamos o território. Seis semanas. Até que acabamos encontrando um bando de oito animais e matamos e fomos embora. Sumiram. Sumiram todos até o último exemplar que um dia Deus pôs neste mundo como se nunca tivessem existido.

O vento soprou fagulhas irregulares. A pradaria em torno estava mergulhada em silêncio. Além da fogueira fazia frio e a noite era clara e as estrelas caíam. O velho caçador se embrulhou na manta. Fico pensando se existem outros mundos assim, ele disse. Ou se esse aqui é o único."

(Trecho do último capítulo de Meridiano de Sangue, livro de Cormac McCarthy)

b)Laelaps
Um bom blogue (em inglês) sobre zooologia, ecologia e meio-ambiente: Laelaps. Visite também o endereço antigo. De , extraí a fotografia acima (tirada por volta de 1870) que mostra uma pilha de crânios de bisões mortos durante os massacres destes animais na segunda metade do século XIX. Segundo se diz, a quase extinção deste animal foi a maneira utilizada de colocar os "peles-vermelhas" de joelhos perante o governo norte-americano, eliminando a forma de sobrevivência destes índios.


c)Alfabeto do Velho Oeste

Via Bigorna:
"O quadrinhista Wilson Vieira (Cangaceiros - Homens de Couro; Gringo - O Escolhido), que entre 1973 e 1980 trabalhou no estúdio Staff di If em Gênova/Itália e desenhou algumas histórias de western como Il Piccolo Ranger, iniciou o projeto O Alfabeto do Velho Oeste no Tex Willer Blog, de Portugal. O blog dedicado ao cowboy Tex é coordenado por José Carlos Pereira Francisco, o Zeca, e Mário João Marques, o Marinho. "

Muito interessante e completo: O projeto está em andamento. CLIQUE para ver.


d)A Estrada

Ainda sobre Cormac McCarthy: Meia Palavra explica "A Estrada"

2 comentários:

  1. Obrigado BRONTOPS BARUQ, por ter citado O ALFABETO DO VELHO OESTE, lá do BLOG TEX WILLER.
    Grande abraço,
    Wilson

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  2. Abraço Wilson.

    Aproveito para deixar dois links com posts do Andre Barcinski envolvendo Meridiano de Sangue. Um deles é sobre Cassio de Arantes Leite, o tradutor.

    http://andrebarcinski.folha.blog.uol.com.br/arch2010-08-01_2010-08-07.html#2010_08-01_00_21_45-147808734-0

    http://andrebarcinski.folha.blog.uol.com.br/arch2010-07-25_2010-07-31.html#2010_07-27_01_08_45-147808734-0

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