quinta-feira, 29 de abril de 2010

Telegrama





"Jan Chipchase diz que o público usuário de celular se expande em todas as direções. Há populações analfabetas aprendendo a usá-lo, e a Nokia está desenvolvendo modelos que facilitam o uso a quem não sabe ler, embora tais modelos não sejam “marquetados” dessa forma, para não criar um estigma e afastar os usuários. Na África é comum um único aparelho servir para uma família inteira, e foi desenvolvido um sistema que permite esse aparelho guardar várias identidades, cada qual com sua agenda telefônica, mantendo a privacidade de cada usuário.

Em Uganda, diz Jan, o celular serve à população pobre como um meio de transferência de dinheiro. Digamos que Fulano está na capital e precisa transferir 50 dólares para sua irmã, que mora num vilarejo onde não há bancos. Ele vai no shopping, compra 50 dólares em crédito num cartão pré-pago, e liga para o cara que mantém no vilarejo um quiosque de celulares pré-pagos para uso da população. Ele informa ao cara o número do cartão pré-pago, o cara carrega o valor num dos seus celulares, e entrega 50 dólares à irmã do outro."

trecho de "Antropologia do Celular", artigo de Bráulio Tavares no Mundo Fantasmo


"Muçulmanos entrevistados pelos etnólogos de consumo almejam celulares com dispositivos de navegação por satélite para poderem orar voltados para Meca. Um refugiado da Libéria sonhou com um celular munido de detector de minas terrestres. Em Mumbai, na Índia, os moradores de favelas queriam celulares com gancho, para poder pendurá-los seguros das chuvas sob os tetos de seus barracos, juntamente com outros pertences, na época das monções. E no Rio de Janeiro, o futuro celular ideal deveria medir a qualidade do ar. Ali, as mulheres também desenharam esboços de celulares que permitissem a elas vigiar e controlar seus maridos."

Revista Geo Brasil nº 09 Editora Escala




(imagem Digital City, por Hubert Blanz)

Um comentário:

  1. Parece que não podemos passar sem ele, eu vendi o há uns anos, e não penso comprar outro. É verdade que para telefonar é difícil, pois já não telefones nas ruas mas não me importo.

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