segunda-feira, 12 de abril de 2010

Onirogrito






Sem título



(Não se apressem nas conclusões, mas meu pai adorava a revista Seleções. Eu acabava lendo, sem muita empolgação. Mas, numa destas vezes, encontrei este fragmento:

Um provérbio persa afirma que tudo o que dizemos deveria passar por três portas: Sobre a primeira, há uma placa escrita “É verdade?”; Na segunda, uma placa “É necessário?”; E na última: “Não vai machucar ninguém?”

Quando criança, acreditava que o respeito a estas regras implicaria em um silêncio absoluto. Acabei sendo uma criança quieta. Mas eu já era meio calado. Vai ver, o provérbio foi a desculpa.

A própria ordem das perguntas sugere uma hierarquia. Enquanto a primeira e última pergunta são de propósitos mais claros, a segunda sempre me pareceu um tanto obscura. Como dizer o que é necessário? Talvez a idade tenha me feito entender melhor seu sentido. Ou a distorcê-la a ponto de desrespeitar as outras duas, conforme o caso. Conforme a necessidade.

Escrever é outro ato de ódio. Entretanto, são precisos bons motivos para machucar alguém. No mínimo, seja verdadeiro e necessário.

Depois de escrever, faço as perguntas. Dependendo da resposta, apago tudo.
)




(*imagem via Neatorama: mas esqueci o assunto)

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