quarta-feira, 27 de julho de 2011
Achados
a)Memórias
Deu na revista Piauí nº55: Longo trecho do livro de memórias de Persio Arida, um ex-revolucionário que virou banqueiro (odeio resumir assim as pessoas, mas é o sacrifício da comunicação...)
Muito bom. Descreve além do seu envolvimento (e posterior afastamento) com o movimento estudantil, o relacionamento com os pais, a prisão, a tortura. Um dos trechos que mais gostei foi o mesmo que Michel Laub destacou em seu blog, Sobre a Vergonha AQUI.
As questões sobre a tortura levaram a um artigo-réplica de um coronel reformado do Exército, um certo Ostra. Não sei onde o texto foi publicado, mas há uma postagem AQUI com o texto.
Arida respondeu a este artigo (grato Caio). Achei AQUI. De lá só extraio o finalzinho:
"
Estivemos em lados opostos, coronel. Eu deixei de ser comunista ou socialista há muito tempo.
Mas, se tivesse que escolher entre ser um jovem idealista, mas equivocado, ou o chefe da Operação Bandeirantes, eu preferiria ter sido quem fui, mesmo que tivesse que ser preso de novo. Eu não suportaria a vergonha de ter comandado uma casa de torturas.
"
b)Revolução
Para contrapor a visão madura e ponderada do longo texto de Persio Arida leia a entrevista cheia de tesão e vigor com alguém menos velho: Julian Assange na Trip, AQUI.
c)Panopticum
Trecho da coluna Antivírus, de André Caramuru Aubert, na Revista Trip nº199. Para ler tudo clique AQUI.
"O filósofo francês Michel Foucault morreu em 1984, quando a microinformática ainda era incipiente, não se falava em internet e os telefones celulares estavam no jardim da infância. Portanto, quando publicou seus textos sobre os mecanismos do poder (e do controle) e de como Estados e empresas modernos os aplicaram, o mundo ainda não apresentara, para ele, as maravilhas da tecnologia digital. É curioso imaginar como ele teria reagido diante das novidades, e o que teria dito aos que continuam a acreditar nas tecnologias digitais como ferramentas “libertadoras”.
O universo de interesses de Foucault era amplo: passava por prisões, medicina, escolas, governo, sexualidade, urbanismo, arquitetura, entre outros. Mas, no fim das contas, tudo girava em torno da questão do Poder, ou do seu irmão gêmeo, o Controle. E “controlar” pressupõe “olhar”. É por isso que Foucault “gostava” tanto do pan-óptico, o projeto de presídio criado pelo filósofo inglês Jeremy Bentham em 1791, que trocava as escuras masmorras medievais, ocultas nos subsolos dos castelos, por uma estrutura circular, onde os presos podiam ser facilmente vistos o tempo todo, a partir do centro, sem nunca saber quando estavam sendo observados. Sobre sua criação, Bentham disse que era “um novo modo de obter o poder da mente sobre a mente, de uma forma jamais vista antes”. Ele não estava exagerando. O pan-óptico acabou influenciando projetos tão distintos quanto fábricas, quartéis e traçados urbanos. Em todos esses casos, a ideia era controlar, com eficiência, determinado espaço.
E hoje, quando o espaço se dissolveu em algo obscuro que chamamos de ciberespaço, será que o projeto de Bentham envelheceu? Como ficamos, nesses tempos em que se pode estar em todos os lugares sem sair do lugar? Em que olhar e ser olhado se transformaram em obsessão? Quando o Poder tem à sua disposição, mais do que nunca, ferramentas supereficientes para seguir, olhar e controlar? E não me refiro a um controle do tipo óbvio, como o das ditaduras mumificadas que estão desabando, uma a uma, nos países árabes. Nos nossos tempos de “Sorria, você está sendo filmado” (e ouvido, e rastreado), o pan-óptico está mais vivo do que nunca. Mais do que na forma, no conceito, exatamente da maneira como Foucault o interpretou. Pois o que Bentham se propunha a fazer, no fim das contas, ao trocar o chicote pelo olhar, era tornar o controle mais sutil e eficaz."
Para o Panóptico, clique AQUI ou AQUI. Existe também um álbum de histórias em quadrinhos do suíco Thomas Ott chamado Panopticum. Encontrei duas histórias de Ott compiladas em vídeo. Segue abaixo.
Thomas Ott : G.O.D. & Goodbye por My-Name-is-Bruce
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Não é o papo de que uma imagem vale mais do que mil palavras? Ou só que elas simplificam tudo mesmo.
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