sexta-feira, 23 de julho de 2010
Telegrama
“It’s not enough to have lived. We should be determined to live for something.”
Winston Chruchill
(Via The Impossible Cool)
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Zerografia
Geysa e o guêiser
Geysa não tinha pernas. Perdeu-as num acidente de trem. Eu não sei os detalhes. Ficava na cadeira de rodas vendendo flores e soldados a pilha que se arrastavam e atiravam. Era na Estação, a meio caminho entre a Biblioteca e o Estádio. À noite, seu tio desempregado a buscava numa Brasília. Dentro, ficavam tupperwares vazios, cheio das migalhas de doces e salgados vendidos. Ele a erguia no ar, os olhos curiosos secavam os cotos das coxas morenas sob os holofotes dos faróis de carros, viaturas e coletivos no trânsito congestionado de início da noite.
Um dia, o tio avisou: melhor não irmos amanhã. Imagina, amanhã não vai ter nada, fica sossegado. Ela emprestou um vestido vermelho da vizinha. Usou uma calcinha branca. Melhor perfume falsificado. O tio não quis levá-la quando a viu daquele jeito. E ela, "imagina, eles são todos gente de bem". A Brasília parou, o tio armou a cadeira de rodas e a banquinha. Ligou alguns dos soldados. Retirou as flores murchas. Colocou uma mais ou menos no painel do carro. Despediu-se.
Lá pelo meio da tarde, começaram as sirenes. Depois os cavalos e a tropa de choque. As pessoas começaram a correr no sentido do Estádio. Um cavalo acompanhava estes fugitivos, o pé preso no estribo e um policial arrastado no asfalto.
Ela desviou o olhar. De longe, depois dos automóveis virados e do incêndio na Estação, ela viu a multidão saindo da Biblioteca; eram estudantes, todos eles nus, as caras pintadas de bandeira e os pintos duros como mastros.
Tirou o espelhinho e começou a passar o batom.
(.)
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segunda-feira, 19 de julho de 2010
Achados
a)
O velho caçador
"Era um velho caçador acampado e o caçador compartilhou seu tabaco com ele e lhe falou sobre o bisão e dos embates que tivera com eles, deitado em uma cavidade em alguma elevação com os animais mortos espalhados pelo terreno em volta e a manada começando a circular confusa e o cano do rifle tão quente que os pequenos retalhos de limpeza chiavam ali dentro e os animais aos milhares e às dezenas de milhares e as peles esticadas cobrindo verdadeiras milhas quadradas de terreno e as equipes de peleiros se revezando dia e noite e a sucessão de semanas e de meses atirando e atirando até as estrias dos cano ficarem lisas e o encaixe da coronha ficar solto e as manchas amarelo-azuladas dos ombros aos cotovelos e os carroções em comboios gemendo através da pradaria e as juntas de vinte e de vinte e dois bois e os couros enrijecidos às toneladas e centenas de toneladas e as carnes apodrecendo ao chão e o ar zunindo de moscas e os abutres e os corvos e a noite um horror de rosnados e de presas rasgando com os lobos meio enlouquecidos se espojando na vertigem da carniça.
Vi as carroças Studbaker com parelhas de seis e oito bois rumando para os campos de caça sem outra carga senão chumbo. Galena pura e mais nada. Toneladas. Só aqui nesta região entre o rio Arkansas e o Concho foram oito milhões de carcaças pois esse tanto de peles que chegou no terminal do trem. Faz uns dois anos a gente saiu de Griffin para uma última caçada. Vasculhamos o território. Seis semanas. Até que acabamos encontrando um bando de oito animais e matamos e fomos embora. Sumiram. Sumiram todos até o último exemplar que um dia Deus pôs neste mundo como se nunca tivessem existido.
O vento soprou fagulhas irregulares. A pradaria em torno estava mergulhada em silêncio. Além da fogueira fazia frio e a noite era clara e as estrelas caíam. O velho caçador se embrulhou na manta. Fico pensando se existem outros mundos assim, ele disse. Ou se esse aqui é o único."
(Trecho do último capítulo de Meridiano de Sangue, livro de Cormac McCarthy)
b)Laelaps
Um bom blogue (em inglês) sobre zooologia, ecologia e meio-ambiente: Laelaps. Visite também o endereço antigo. De lá, extraí a fotografia acima (tirada por volta de 1870) que mostra uma pilha de crânios de bisões mortos durante os massacres destes animais na segunda metade do século XIX. Segundo se diz, a quase extinção deste animal foi a maneira utilizada de colocar os "peles-vermelhas" de joelhos perante o governo norte-americano, eliminando a forma de sobrevivência destes índios.
c)Alfabeto do Velho Oeste
Via Bigorna:
"O quadrinhista Wilson Vieira (Cangaceiros - Homens de Couro; Gringo - O Escolhido), que entre 1973 e 1980 trabalhou no estúdio Staff di If em Gênova/Itália e desenhou algumas histórias de western como Il Piccolo Ranger, iniciou o projeto O Alfabeto do Velho Oeste no Tex Willer Blog, de Portugal. O blog dedicado ao cowboy Tex é coordenado por José Carlos Pereira Francisco, o Zeca, e Mário João Marques, o Marinho. "
Muito interessante e completo: O projeto está em andamento. CLIQUE para ver.
d)A Estrada
Ainda sobre Cormac McCarthy: Meia Palavra explica "A Estrada"
O velho caçador
"Era um velho caçador acampado e o caçador compartilhou seu tabaco com ele e lhe falou sobre o bisão e dos embates que tivera com eles, deitado em uma cavidade em alguma elevação com os animais mortos espalhados pelo terreno em volta e a manada começando a circular confusa e o cano do rifle tão quente que os pequenos retalhos de limpeza chiavam ali dentro e os animais aos milhares e às dezenas de milhares e as peles esticadas cobrindo verdadeiras milhas quadradas de terreno e as equipes de peleiros se revezando dia e noite e a sucessão de semanas e de meses atirando e atirando até as estrias dos cano ficarem lisas e o encaixe da coronha ficar solto e as manchas amarelo-azuladas dos ombros aos cotovelos e os carroções em comboios gemendo através da pradaria e as juntas de vinte e de vinte e dois bois e os couros enrijecidos às toneladas e centenas de toneladas e as carnes apodrecendo ao chão e o ar zunindo de moscas e os abutres e os corvos e a noite um horror de rosnados e de presas rasgando com os lobos meio enlouquecidos se espojando na vertigem da carniça.
Vi as carroças Studbaker com parelhas de seis e oito bois rumando para os campos de caça sem outra carga senão chumbo. Galena pura e mais nada. Toneladas. Só aqui nesta região entre o rio Arkansas e o Concho foram oito milhões de carcaças pois esse tanto de peles que chegou no terminal do trem. Faz uns dois anos a gente saiu de Griffin para uma última caçada. Vasculhamos o território. Seis semanas. Até que acabamos encontrando um bando de oito animais e matamos e fomos embora. Sumiram. Sumiram todos até o último exemplar que um dia Deus pôs neste mundo como se nunca tivessem existido.
O vento soprou fagulhas irregulares. A pradaria em torno estava mergulhada em silêncio. Além da fogueira fazia frio e a noite era clara e as estrelas caíam. O velho caçador se embrulhou na manta. Fico pensando se existem outros mundos assim, ele disse. Ou se esse aqui é o único."
(Trecho do último capítulo de Meridiano de Sangue, livro de Cormac McCarthy)
b)Laelaps
Um bom blogue (em inglês) sobre zooologia, ecologia e meio-ambiente: Laelaps. Visite também o endereço antigo. De lá, extraí a fotografia acima (tirada por volta de 1870) que mostra uma pilha de crânios de bisões mortos durante os massacres destes animais na segunda metade do século XIX. Segundo se diz, a quase extinção deste animal foi a maneira utilizada de colocar os "peles-vermelhas" de joelhos perante o governo norte-americano, eliminando a forma de sobrevivência destes índios.
c)Alfabeto do Velho Oeste
Via Bigorna:
"O quadrinhista Wilson Vieira (Cangaceiros - Homens de Couro; Gringo - O Escolhido), que entre 1973 e 1980 trabalhou no estúdio Staff di If em Gênova/Itália e desenhou algumas histórias de western como Il Piccolo Ranger, iniciou o projeto O Alfabeto do Velho Oeste no Tex Willer Blog, de Portugal. O blog dedicado ao cowboy Tex é coordenado por José Carlos Pereira Francisco, o Zeca, e Mário João Marques, o Marinho. "
Muito interessante e completo: O projeto está em andamento. CLIQUE para ver.
d)A Estrada
Ainda sobre Cormac McCarthy: Meia Palavra explica "A Estrada"
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domingo, 18 de julho de 2010
Telegrama
Alma
(Escrito e dirigido por Rodrigo Blaas)
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sábado, 10 de julho de 2010
Achados
a)Curso Prática de Criação Literária
"Dia 03 de agosto é o início da próxima turma do curso de Prática de Criação Literária (em São Paulo).
A ênfase na prática de diversos gêneros literários, em prosa e verso, é a principal característica do curso de pós-graduação promovido pela Terracota Editora e pela Universidade Cruzeiro do Sul.
Essa ênfase faz dele a primeira etapa na formação de escritores completos, com amplo conhecimento dos gêneros literários e da realidade editorial.
Os módulos são ministrados por professores criadores, que dominam não só o ofício que praticam, mas também a teoria e a técnica em torno desse ofício."
Interessado? Saiba que existem duas possibilidades para frequentar o curso. Uma, "para os já graduados interessados em se aprofundar nas questões da prática de criação literária, o curso serve como alternativa de pós-graduação lato sensu. Neste caso, são 12 módulos: 8 de criação, abordando os gêneros textuais e 4 acadêmicos. O lato sensu é certificado pela Universidade Cruzeiro do Sul." Outra, para "os escritores iniciantes com vontade de conhecer e praticar os diversos gêneros literários, o curso pode ser frequentado de forma livre, neste caso são 8 módulos disponíveis, de criação."
Professores: Marcelino Freire (EraOdito, Angu de Sangue, BaléRalé, Contos Negreiros. Jabuti de melhor livro de contos com Rasif – Mar que Arrebenta); Nelson de Oliveira (Poeira: demônios e maldições, A oficina do escritor, A maldição do macho e O filho do Crucificado. Ganhador dos prêmios da Fundação Biblioteca Nacional, duas vezes o da APCA, o da Fundação Cultural da Bahia e o Casa de las Américas); Luís Eduardo Marra (O coletivo aleatório e O diário perdido do Jardim Maia); Marne Lucio Guedes; Edson Cruz (poeta e co-fundador do site literário Cronópios); Di Moretti; Marcelo Maluf; Claudio Brites; Carlos Andrade. Para biografias mais completas, clique AQUI.
Mais informações AQUI.
b)A Tríade: A Espada Templária
c)21ª Bienal do Livro de SP terá entrada a R$ 10 e debates sobre vampirismo
"A Bienal Internacional do Livro de São Paulo optou pelo congelamento do valor dos ingressos para estimular a presença do público na 21ª edição, que ocorre de 12 a 22 de agosto de 2010 na capital paulista. Este ano, serão cobrados R$ 10 pela entrada, o mesmo valor praticado desde 2006, quando foi realizada a 19ª edição.
Além disso, poderão entrar de graça professores, profissionais do livro, bibliotecários, estudantes incluídos no programa de visitação escolar programada, maiores de 65 anos e crianças com até cinco anos.
O primeiro dia do evento, 12 de agosto, será dedicado à visitação de profissionais. Apesar disso, eles poderão comparecer à feira editorial em qualquer um dos demais dez dias de atividades. Já a programação destinada ao público em geral começa na chamada “Sexta-feira 13 na Bienal do Livro”, baseada em atividades especiais para destacar a efeméride, como os debates sobre o tema vampirismo. Neste mesmo dia, os visitantes que comparecerem fantasiados como seus personagens favoritos entrarão de graça na feira e concorrerão a prêmios."
(Leia notícia completa no Fórum Meia Palavra. Fonte UOL)
(Imagem: salvo engano, veio daqui: It´s a deadlicious, um blogue de motoqueiros, rock´n roll, luta-livre, mulheres de biquini, cultura "B" e outros assuntos de macho)
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sexta-feira, 9 de julho de 2010
Telegramas
Planetas Invisíveis: Diana
Prova de Carinho
(Adoniran Barbosa/Hervê Cordovil)
Com a corda Mi
Do meu cavaquinho,
Fiz uma aliança pra ela,
Prova de carinho.
Com a corda Mi
Do meu cavaquinho,
Fiz uma aliança pra ela,
Prova de carinho.
Quanta serenata
Eu tenho que perder,
Pois meu cavaquinho
Não pode mais gemer!
Quanto sacrifício
Eu tive que fazer,
Pra dar a prova pra ela
Do meu bem querer!
(desenho de cidade imaginária por Chico Buarque. Portal 2001 está se aproximando)
Prova de Carinho
(Adoniran Barbosa/Hervê Cordovil)
Com a corda Mi
Do meu cavaquinho,
Fiz uma aliança pra ela,
Prova de carinho.
Com a corda Mi
Do meu cavaquinho,
Fiz uma aliança pra ela,
Prova de carinho.
Quanta serenata
Eu tenho que perder,
Pois meu cavaquinho
Não pode mais gemer!
Quanto sacrifício
Eu tive que fazer,
Pra dar a prova pra ela
Do meu bem querer!
(desenho de cidade imaginária por Chico Buarque. Portal 2001 está se aproximando)
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quinta-feira, 8 de julho de 2010
Escadas
nº04: os vivos e os mortos
As escadas são paralelas, uma para subir, outra desce. As pessoas tateiam o corrimão de borracha, medem a velocidade dos degraus de aço a correr sob seus pés, deixam-se levar pela máquina; antes corriam, apressadas para chegar ali, então se aquietam, se conformam, se calam, silenciam, calmas ou sufocadas pelas demais. Entregam-se ao percurso. Sem ter o que fazer, batucam a borracha preta, procuram o espaço adiante onde as pessoas desembocam, ou veem a paisagem mudar lentamente sem esforço dos pés, como se flutuassem, como se estivessem mortos.
Mas aquela outra gente que escala os degraus ao lado não admira paisagens, não há espaço para isto. Precisa-se acompanhar o ritmo das demais, o rosto baixo para os próprios pés e degraus, para a bunda logo adiante, o som sibilante dos passos como o de muitos relógios marcando tempos diferentes, ou o de muitos pedidos de silêncio. E o peso de tudo que se carrega está ali, evidente nas bolsas, pastas, mochilas, sacolas, compras, naquele esforço inútil de quem está vivo ou Sísifo condenado, porque no dia seguinte, se estará ali de volta, no caminho inverso de ir para o trabalho. Rebanho, cardume, enxame. Sobrevive melhor quem não está sozinho, dizem. Mentira: sobrevive melhor quem está vivo.
E ali ele levantou o rosto, querendo ver um além adiante, saber se ainda faltavam muitos degraus, e ela no ritmo suave e contínuo da máquina o viu também e os olhares trocados ali, um fitando o outro, sem piscar, como animais predadores ou cegos. A máquina continuou a impelindo e a multidão atrás o impediu de se voltar ou de parar. O rosto um do outro se misturou com a indiferença dos outros todos vistos naquele dia. Mas por aquele breve pequeno momento souberam. E acreditaram.
(*)
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Achados
a)
(Mini-mini-miniaturas de Slinkachu. Via Little People. Depois de "googlear" um pouco, achei algumas informações sobre Slinkachu no Obvious, de onde copiei e colei as linhas seguintes:
"Slinkachu é um artista urbano aos moldes de seu conterrâneo Bansky: não tem seu nome ou fotos divulgados, suas propostas de trabalho são obscuras e o sucesso intenso.
Não se sabe exatamente quando seus trabalhos começaram a ser notados pelas ruas da cidade, mas pode-se estimar que em meados de setembro de 2006, pequenos bonecos em cenas cotidianas ou absurdas foram espalhados por Londres, fotografados e postos no blogue do autor antes de serem destruídos pelo tempo ou esmagados sem querer. Graças a essa segunda etapa, a da fotografia, é que se tornaram conhecidos, arrecadando fãs por todo o mundo.
Os personagens medindo até 5 milímetros são feitos a partir de bonecos de trem que Slinkachu modifica conforme a necessidade da instalação, em seguida são deixados discretamente em bancos de praças, postes, caixas de correios, bares, banheiros, entre outros lugares, de forma que possam interagir com eles, seus objetos, símbolos e insetos. O resultado é um universo tanto melancólico, oldfashion e onde as cenas mais banais ganham contornos fantásticos dentro de toda aquela desproporcionalidade."
Leia tudo AQUI. )
b)Gravidade
"Não são todos os animais que precisam ter medo da gravidade. Na verdade a imensa maioria deles - em número e diversidade - não precisa. O estrago que sofremos ao aterrisar depende de duas coisas, a força que resulta da massa do animal e da aceleração, no caso a gravidade - F=MxA. A outra é a superfície onde essa força é distribuída. Aqui é que mora a diferença.
Quanto maior o animal, mais pesado ele é, mas a superfície que ele ocupa não aumenta proporcionalmente. O volume determina o peso do animal, portanto a força que ele exerce quando cai, aumenta em três dimensões, ao cubo. Já a superfície do animal aumenta em duas, portanto ao quadrado. Quanto maior a relação superfície/volume, mais resistência do ar o animal encontra e menor a velocidade final dele durante a queda. Basta pensar numa folha de alumínio caindo aberta ou amassada.
Por isso formigas, besouros, aranhas e inclusive camundongos não precisam se preocupar com a altura. Cair de 20cm ou de 2 mil metros para eles não importa, uma vez que a velocidade final em queda é baixa e eles distribuem o impacto por uma área relativamente maior. Enquanto isso, qualquer quedinha para o elefante é perigosa."
(trecho de "As Nove Vidas dos Gatos", VIA o ótimo RAINHA VERMELHA)
(Mini-mini-miniaturas de Slinkachu. Via Little People. Depois de "googlear" um pouco, achei algumas informações sobre Slinkachu no Obvious, de onde copiei e colei as linhas seguintes:
"Slinkachu é um artista urbano aos moldes de seu conterrâneo Bansky: não tem seu nome ou fotos divulgados, suas propostas de trabalho são obscuras e o sucesso intenso.
Não se sabe exatamente quando seus trabalhos começaram a ser notados pelas ruas da cidade, mas pode-se estimar que em meados de setembro de 2006, pequenos bonecos em cenas cotidianas ou absurdas foram espalhados por Londres, fotografados e postos no blogue do autor antes de serem destruídos pelo tempo ou esmagados sem querer. Graças a essa segunda etapa, a da fotografia, é que se tornaram conhecidos, arrecadando fãs por todo o mundo.
Os personagens medindo até 5 milímetros são feitos a partir de bonecos de trem que Slinkachu modifica conforme a necessidade da instalação, em seguida são deixados discretamente em bancos de praças, postes, caixas de correios, bares, banheiros, entre outros lugares, de forma que possam interagir com eles, seus objetos, símbolos e insetos. O resultado é um universo tanto melancólico, oldfashion e onde as cenas mais banais ganham contornos fantásticos dentro de toda aquela desproporcionalidade."
Leia tudo AQUI. )
b)Gravidade
"Não são todos os animais que precisam ter medo da gravidade. Na verdade a imensa maioria deles - em número e diversidade - não precisa. O estrago que sofremos ao aterrisar depende de duas coisas, a força que resulta da massa do animal e da aceleração, no caso a gravidade - F=MxA. A outra é a superfície onde essa força é distribuída. Aqui é que mora a diferença.
Quanto maior o animal, mais pesado ele é, mas a superfície que ele ocupa não aumenta proporcionalmente. O volume determina o peso do animal, portanto a força que ele exerce quando cai, aumenta em três dimensões, ao cubo. Já a superfície do animal aumenta em duas, portanto ao quadrado. Quanto maior a relação superfície/volume, mais resistência do ar o animal encontra e menor a velocidade final dele durante a queda. Basta pensar numa folha de alumínio caindo aberta ou amassada.
Por isso formigas, besouros, aranhas e inclusive camundongos não precisam se preocupar com a altura. Cair de 20cm ou de 2 mil metros para eles não importa, uma vez que a velocidade final em queda é baixa e eles distribuem o impacto por uma área relativamente maior. Enquanto isso, qualquer quedinha para o elefante é perigosa."
(trecho de "As Nove Vidas dos Gatos", VIA o ótimo RAINHA VERMELHA)
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Telegrama
Comentário, na rede, sobre tudo o que está acontecendo por aí
(André Sant´anna)
A culpa é toda do direitos humanos que vem aqui pra se meter no Brasil e não cuida dos problemas deles mesmos, desses países que se acha. Porque lá todo mundo faz o que quer, faz terrorismo, fuma drogas, anda pelado com os seios de fora e até faz sexo com homens do mesmo sexo.
Porque o direitos humanos vem aqui e fala mal da gente, diz que aqui a gente trata bandido mal. Mas quer o quê? Que trate os bandidos bem? Que eles fiquem na rua estuprando as meninas que ainda é tudo crianças? Que eles joguem as meninas do alto do prédio? Que matem os próprios pais pra comprar drogas, que nem aquela menina que nem era brasileira nem nada, era alemã e matou os próprios pais pra ficar namorando aquele namorado dela que fuma drogas?
Aí, vem o direitos humanos e quer soltar tudo, não quer que ninguém vá pra pena de morte. Se matou, tem que morrer, porque até a Bíblia disse que é olho por olho e dente por dente. O direitos humanos é que não deixa. O direitos humanos queria até que o Nardoni fosse inocente no julgamento dele. O direitos humanos não quer que o cidadão de bem tenha a própria arma pra se defender contra as drogas, mas deixa essas meninas usar pulseira de plástico pra fazer sexo e aí os tarados vem e estupram elas e o direitos humanos quer deixar elas usarem essas pulseiras de plástico. Claro que os tarados vão estuprar. Quer o quê?
O direitos humanos acha que não tem nada de mais usar pulseira de plástico. Mas ele não leva em consideração que esses tarados que estupram também ficam vendo as meninas aí andando praticamente indecentes, de pulseira de plástico que pode até fazer sexo oral, quando é amarelo, eu acho. E ninguém é de ferro.
Não que é certo fazer estupro, mas o direitos humanos tem que entender também que essas meninas ficam provocando, imitando tudo que aparece na novela, que tem cada vez mais essas cenas de sexo em plena novela das 8. E as crianças ficam vendo porque o direitos humanos diz que criança pode tudo.
Aí, quando vem um bandido e pega o seu carro no farol e dá um tiro na sua cara, você que é um cidadão de bem, com a sua família, o que é que acontece? Vem o direitos humanos e protege os bandidos e quer que a gente que é homens de bem, que não temos direitos humanos nenhum, fique quieto vendo os estupradores todos levando boa vida lá na cadeia, comendo comida que a gente paga e até levando mulher lá pra dentro, pra fazer sexo.
O direitos humanos tem que ser pra nós também, que somos cidadãos de bem, que nunca fez pedofilia.
Aqui no Brasil, tem essa mania de achar que estrangeiro é melhor. Brasileiro fica imitando essas coisas que vêm do estrangeiro, essas coisas de pulseira de plástico, de fumar drogas, de aparecer todo mundo pelado na televisão. Ninguém tem respeito pelas coisas que são nossas de verdade, as nossas tradições que é do verde e amarelo. E quem não é verde e amarelo, que nem esse direitos humanos, tem mais é que ir embora logo daqui e não ficar reclamando de tudo.
Brasileiro não precisa nada desses gringos. Esses gringos é que fazem esses terrorismos. Pode ver que aqui no Brasil não tem terrorismo, não tem terremoto, nem nada disso. Porque aqui todo mundo que vem é bem tratado e o pessoal até puxa saco de gringo. Em troca, os gringos ficam dizendo que aqui no Brasil é perigoso, que não pode passar férias no Guarujá, que aqui só tem bandido. Eu só sei é que no Guarujá nunca teve terremoto, nem vulcão. Isso tudo é coisa desses gringos que, ao invés de cuidar dos assuntos deles, ficam é se metendo nos nossos problemas aqui do Brasil. Mas são eles lá é que têm terrorismo, porque lá todo mundo tem essa mania de direitos humanos.
Os gringos vêm aqui e ficam querendo botar esse direitos humanos aqui pra soltar os bandidos todos da cadeia. Mas eles lá prendem bandido de menor. Lá, na terra deles, pode até pena de morte. Só aqui é que não pode porque os gringos do direitos humanos não deixa. Aqui, eles ficam defendendo bandido e essas meninas que usam pulseira de plástico.
Eu acho que tem que mandar esse pessoal do direitos humanos embora pra terra deles. Se não, logo vai começar a ter terroristas aqui também. Aqui, gringo entra e sai na hora que quer. Lá, eles não deixam a gente que é do Brasil, que é cidadãos de bem, entrar. Lá, eles matam brasileiro no metrô na mesma hora.
Eu sou igual o velho lobo Zagallo, totalmente verde e amarelo.
**
(Catei AQUI. Publicado na Folha de S.PAULO, 20/06/2010. Achei um outro conto do André com a mesma pegada, mas desta vez um taxista. Imagem O Grito, de Munch)
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quinta-feira, 1 de julho de 2010
a ilha
Não há necessidade de passaporte ou de visto: basta prestar atenção.
Não existem voos regulares para a ilha. Assim como inexistem estações climáticas ou vegetação típica; também não há mar ao redor, tampouco por baixo ou por cima. Entretanto, a ilha cerca os oceanos por todos os lados. O relevo seria marcado pela sombra de um vulcão, que nada mais é que uma montanha oca. Entretanto, não adiantam rochedos ou mirantes: cadê as paisagens? as praias? os fortes? O sol não nasce ou se põe e as estrelas, tanto do céu como equinodermas, ausentaram-se da noite. Apesar disso, sempre chegam visitantes. Um tanto aturdidos, é verdade. Alguém propõe um piquenique, mas não chove, não há formigas e nem se fala de grama para repousar a cabeça perante o azul.
A ilha é um rumor persistente e contínuo, um tártaro a corroer dentes até chegar aos ossos, assim afirmam os geógrafos.
(Imagem:? Encontrei AQUI, onde tem um monte de gente pelada)
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