terça-feira, 25 de maio de 2010

Telegrama






A queda
(Lobão)



Quantos sonhos em sonhos acordo aterrado
A terrores noturnos minha alma se leva
É um insight soturno é o futuro passando

Na velocidade terrível da queda
Na velocidade terrível da queda

Ante o colapso final a vertigem
próximo ao chão a penúltima descoberta
Que a lógica violenta das cores tinge

A velocidade terrível da queda
A velocidade terrível da queda

Como cair do céu é tão simples
Queda que a tudo e a todos transtorna
Ah! as bombas, a chuva, os anjos e os loucos

O mundo todo na velocidade terrível da queda
O mundo todo na velocidade terrível da queda

Resvalando em abismos um pôr do sol furioso
Que a sensação de perda ao ver exagera
É o desespero vermelho de um apocalipse luminoso

Ejaculado da velocidade terrível da queda
Ejaculado da velocidade terrível da queda

Diante do medo um sorriso aeróbico
Nas bochechas a câimbra de uma alegria incompleta
Nada como um sorriso burro e paranóico

Para não perceber a velocidade terrível da queda
Para não perceber a velocidade terrível da queda


(fotografia: Christer Strömholm - Calcutta, 1963)

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