“A tese
central é que todo sistema complexo tem duas características: a escala e a
complexidade. Para fazer um sistema complexo funcionar, é preciso ter uma
estratégia para a escala e outra para a complexidade.
Exemplo:
o corpo humano tem dois sistemas de proteção, uma para escala, outro para
complexidade. O sistema neuromuscular (cérebro comandando nervos que acionam
músculos que movem ossos) serve para escala, enquanto o sistema imunológico
(glóbulos brancos independentes agindo cada um por conta própria) lida com
complexidade. O neuromuscular nos defende de ameaças grandes – surras,
atropelamentos, ladrões. O imunológico lida com inimigos minúsculos –
bactérias, vírus, fungos. Por terem funções diferentes, os dois sistemas adotam
estratégias diferentes.
No
neuromuscular, a lógica é hierárquica, centralizada e linear – o cérebro manda,
nervos e músculos obedecem, todos juntos, orquestrados, somando esforços numa
mesma direção, para gerar uma ação em grande escala (um soco, por exemplo). Já
no sistema imunológica, cada célula age com liberdade e se comunica com as
outras, o que gera milhões de ações a cada segundo, uma diferente da outra,
cada uma delas microscópica, em pequena escala – e o resultado é uma imensa
complexidade, com o corpo protegido de uma quantidade quase infinita de
possíveis ameaças.
Para
viver saudável é preciso ter os dois sistemas: neuromuscular e imunológico. Um
sem o outro não adianta. Não há nada que um bíceps forte possa fazer para matar
uma bactéria, assim como glóbulos brancos sarados são inúteis numa briga. É
assim com todo sistema complexo: precisamos de algo hierárquico para lidar com
a escala das coisas e de algo conectado em rede para a complexidade.
O
problema do mundo de hoje (...) é que a nossa sociedade está toda ajustada para
lidar com escala, mas é absolutamente incompetente na gestão da complexidade.”
Denis R.
Burgierman descreve a complexidade no mundo atual e em
sistemas, a partir do livro “Complexity Rising” e “Making Things Work” do
físico americano Yaneer Bar-Yam. Via “O Mundo anda muito Complexo”, matéria da
Superinteressante, de fev de 2014. A matéria toda vale muito a pena, se ela aparecer na rede, posto o link.
Imagens: referem-se a gráficos que acompanharam as grandes manifestações de junho de 2013. Maiores esclarecimentos AQUI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário