segunda-feira, 14 de março de 2016

Telegrama




Rambo x Rimbaud



“Daí caminhei ao longo dos trilhos até uma pequena livraria. Fiquei zanzando por lá, procurando alguma coisa pra ler, e vi Iluminations. Uma edição de bolso barata de Iluminations, de Rimbaud, sabe? Quer dizer, todo garoto teve uma. Tem aquela foto granulada de Rimbaud, e achei que ele tinha um ar muito elegante. Rimbaud parecia muito genial. Peguei o livro no ato. Nem sabia do que se tratava, simplesmente achei Rimbaud era um nome elegante. Provavelmente chamei-o de “Rimbawd” e achei que ele era muito cool.

Daí voltei pra fábrica. E fiquei lendo o livro. Era em francês de um lado e em inglês de outro, e isso quase custou meu emprego porque Dotty Hook viu que eu estava lendo alguma coisa que tinha língua estrangeira e disse: “Pra que você está lendo essa coisa estrangeira?”

Eu disse: “Não é estrangeira.”

Ela disse: “É estrangeira e é comunista. Qualquer coisa estrangeira é comunista.”

Ela disse isso tão alto que todo mundo pensou que eu estivesse lendo O Manifesto Comunista ou coisa parecida. Todos se levantaram, foi um caos completo, é claro, e saí da fábrica muito puta da cara. Fui para casa e, é claro, dei a maior importância antes mesmo de lê-lo.

Me apaixonei de verdade por ele. Foi por aquele encantador Filho de Pan que me apaixonei, porque ele era tão sexy”



Patti Smith, em Mate-me por favor (Legs McNeil & Gillian McCain).

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