Rambo x Rimbaud
“Daí caminhei ao longo dos trilhos até uma pequena livraria.
Fiquei zanzando por lá, procurando alguma coisa pra ler, e vi Iluminations. Uma
edição de bolso barata de Iluminations, de Rimbaud, sabe? Quer dizer, todo
garoto teve uma. Tem aquela foto granulada de Rimbaud, e achei que ele tinha um
ar muito elegante. Rimbaud parecia muito genial. Peguei o livro no ato. Nem
sabia do que se tratava, simplesmente achei Rimbaud era um nome elegante.
Provavelmente chamei-o de “Rimbawd” e achei que ele era muito cool.
Daí voltei pra fábrica. E fiquei lendo o livro. Era em
francês de um lado e em inglês de outro, e isso quase custou meu emprego porque
Dotty Hook viu que eu estava lendo alguma coisa que tinha língua estrangeira e
disse: “Pra que você está lendo essa coisa estrangeira?”
Eu disse: “Não é estrangeira.”
Ela disse: “É estrangeira e é comunista. Qualquer coisa
estrangeira é comunista.”
Ela disse isso tão alto que todo mundo pensou que eu
estivesse lendo O Manifesto Comunista ou coisa parecida. Todos se levantaram,
foi um caos completo, é claro, e saí da fábrica muito puta da cara. Fui para
casa e, é claro, dei a maior importância antes mesmo de lê-lo.
Me apaixonei de verdade por ele. Foi por aquele encantador
Filho de Pan que me apaixonei, porque ele era tão sexy”
Patti Smith, em Mate-me por favor (Legs McNeil & Gillian McCain).
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