Lembro-me de uma de minhas ideias mais antigas.O tsar é o chefe e o pai espiritual de cento e cinquenta milhões de homens. Uma responsabilidade atroz, que é apenas aparente. Talvez não seja responsável, perante Deus, senão por uns poucos seres humanos. Se os pobres de seu império são oprimidos durante seu reinado, se desse reinado surgem catástrofes imensas, quem sabe se o criado encarregado de lustrar suas botas não é o verdadeiro e único culpado? Nas disposições misteriosas da Profundidade, quem é realmente o tsar, quem é rei, quem pode se gabar de ser um mero criado?
Léon Bloy, extraído da Antologia da Literatura Fantástica (Bioy Casares/Borges/Ocampo), conforme a edição da Cosac; Um texto interessante sobre Bloy en español aqui. Capa de Crhris Ware para New Yorker.
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