quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Achados
a)Jim Rugg
Galeria de Jim Rugg no Flickr. O desenho acima foi inspirado pelo filme "Driver"
(Via SuperPunch)
b)Lula Vampiro
Não deve ser o que você está pensando: AQUI
c)Digital Comics Museum
Site para download de HQs raras em domínio público.
http://digitalcomicmuseum.com/.
Dentre outras coisas, Walter Kelly (Pogo) fazendo as Fairy Tales.
(Valeu Delfin)
d)Sonoluminescência
A sonoluminescência foi descoberta antes da Segunda Guerra Mundial, enquanto estudavam a corrosão das hélices de submarinos provocadas por bolhas de ar. Cito de memória o interessantíssimo livro "A Colher que desaparece" de Sam Kean que faz um passeio sobre os elementos da Tabela Periódica e suas histórias. Você sabia que o alumínio, estes das latas, já foi um elemento raríssimo e caríssimo? Pois é.
Mas voltemos à sonoluminescência. Trata-se de um fenômeno muito estranho e completamente contraintuitivo. Ao aplicar vibrações sonoras ultrassônicas sobre bolhas de ar contidas na água, elas encolhem e se expandem provocando brilhos de luz, como "uma estrela numa jarra de água".
A seguir uma descrição passo a passo do fenômeno via revista Galileu:
"
1. o ultra-som agita a bolha de ar, fazendo-a crescer de um diâmetro de 5 mícrons (5 milésimos de milímetros) para outro de 50;
2. assim expandida, a bolha passa a ter uma densidade muito baixa, praticamente se confundindo com o vácuo;
3. a pressão externa, exercida pelo meio líquido, torna-se várias vezes maior do que a pressão interna, produzida pelas moléculas de ar;
4. esse desbalanceamento faz com que a bolha imploda numa fração de segundo, passando de 50 para algo entre 0,1 e 1 mícron de diâmetro;
5. o colapso aquece brutalmente as moléculas de ar, gerando as temperaturas da ordem de 10 mil a 1 milhão de graus Celsius;
6. esse superaquecimento faz com que os elétrons das camadas externas dos átomos e moléculas se desprendam;
7. em conseqüência, o gás existente no interior da bolha se transforma num plasma, formado por íons (positivos) e elétrons livres (negativos);
8. o plasma emite um lampejo luminoso;
9. como o fenômeno se repete 30 mil vezes por segundo, a emissão luminosa parece estável aos olhos do observador.
"
Há um vídeo do fenômeno AQUI. Os cientistas não tem ideia do que ocorre, mas há quem veja nisso uma promessa de energia.
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quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Onirogrito
Mata-borrão à tinta de pendrive
É curiosa a menção ao mata-borrão em textos antigos. Tanto Rubem Braga quanto Mário Prata
(Rimou?) falaram e explicaram o objeto. Se você for daqueles que se
recusam a clicar em hiperlinks, além de perder textos melhores que este,
não saberá que o mata-borrão era uma espécie de carimbo para secar a
tinta fresca no tempos pré-esferográficos. Mário Prata não encontrou
analogia para o mata-borrão no computador e descartou o verificador
ortográfico como substituto.
Perdoe a petulância de quem nunca usou
tinteiro para escrever… discordo… Assinar a carta, carimbá-la com o
mata-borrão, envelopá-la e enviar a missiva ao amante pelo portador
supostamente confiável. Não importava o conteúdo: “O culpado é o
mordomo”, “Vamos fugir, espero-te atrás da capela.”, “Fui deflorada pelo
meu irmão”, era essencial que se concluísse a carta e que ela ficasse
limpa, formalmente intelegível : o mata-borrão surgia como um gesto de
conclusão. O corretor gramatical parece ser a última coisa a passar pelo
texto. Muitas vezes, na verdade, ele analisa o texto “melhor” que a
pessoa do outro lado que deixa a mensagem dormir na caixa de entrada.
Gostaria de ver mais recursos
tecnológicos presentes na literatura: coisas como celulares, monitores,
mouses, teclados, GPS e não-coisas como sites, blogues, emails, google,
redes sociais. Pois o imaginário se alimenta da realidade. E, querendo
ou não, estes brinquedos vieram para fingir preencher nossas vidas ocas e
devem permanecer até darmos um basta. Então se quisermos que a
literatura seja minimamente relevante, viva, precisaremos no mínimo
resvalar neste mundo colorido e flutuante.
Ao mesmo tempo, escrever sugere
permanência. Só sugere, porque na prática nada garante esta
imortalidade, mitologia, historicidade, como quer que a chame. A partir
do momento que se registra suas ideias no papel ou no monitor,
presume-se que estas persistam de alguma forma. Mas sabemos que quanto
maior a distância entre o emissor e o receptor maior a chance de que
algo dê errado ou seja incompreendido.
Imagine que o Facebook pudesse ser
psicografado: teríamos perfis de nossos bisavôs e bisavós. Será que
seriam espertos e engraçadinhos como nós? Primeiro há que considerar
que, dadas as estatísticas, deveriam ser paupérrimos e analfabetos,
caboclos, caipiras, caiçaras, bugres, escravos ou carcamanos. Ignore a
ausência física dos dedos, mas não sua brutalidade: como poderiam teclar
algo? É por isto que, por sorte, deles sabemos histórias, mas não
restaram cartas ou registros mais formais.
Mas vamos supor que seus bisavós eram
letrados e registraram sua conta no Facebook ou Orkut, vamos lhes dar a
possibilidade de estarem sintonizados com a Rede Social do momento. Será
que haveria fotos de viagens, de farras, bagunças e cervejadas?
Provavelmente você os acreditasse um tanto presunçosos, com retratos
posados em roupa de gala, diplomas, medalhas, certificados, ordem do
grau supremo da loja maçônica. Enquanto sua obrigação é ser feliz, a
deles era ser honrado, digno, um cavalheiro respeitável.
(Não se anime, crendo que éramos melhores: tudo falso. As hipocrisias unem nossas gerações. Apenas o enfoque era diferente.)
Eu entendo a preocupação de quem não
arrisca fotografar o mundo atual nas literatura: mouses, mp3, pendrive,
kindle, tablet, URL, fotoblog, YouTube, quanto destas coisas estarão aí,
na boca do povo (ou do monitor) daqui a dez anos? Quando se percebe que
a Internet gera menos conteúdo do que comunicação, via redes sociais,
fóruns, ou conversas pelo msn, skype ou equivalente, nota-se que estes
brinquedos, estas pequenas maravilhas se apequenam e tornam-se borrões
diante do maior mistério de todos: quem é a pessoa que está do outro
lado, atrás de seu perfil, ou de sua cara? Quem é você e, afinal, por
que não gosta de mim?
(Imagem: ?. Publicado originalmente AQUI)
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sábado, 11 de agosto de 2012
Telegrama
Heróis
a)
b)
(O clip de Fabio Jr, não lembro de onde veio: memória afetuosa minha.
O de Spiritualized, bom para caraglio, destruindo tudo que veio antes, veio do Esquema )
a)
b)
(O clip de Fabio Jr, não lembro de onde veio: memória afetuosa minha.
O de Spiritualized, bom para caraglio, destruindo tudo que veio antes, veio do Esquema )
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segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Escadas
Nº15: Anáfora
Primeiro um pé. Depois outro pé. E mais um pé. Depois outro pé. E vai um pé. Depois outro pé. E vem um pé. Depois outro pé. E então o pé. Depois outro pé. E sobe o pé. Firmam-se os pés.
Surge a garota, indo em direção à plataforma. A escada é rolante, portanto ela só faz é descer descer descer descer descer.
No meio do percurso, eles se vêem. Coração fazia Tum e Tum e Tum e Tum e Tum e Tum e Tum, porém agora é tumtumtumtumtumtumtumtumumtumtumtumumtumtum.
Ele deveria voltar seu caminho e ir falar com ela. Mas pra quê? Pra levar um fora como naquela vez? E teve mais aquela vez. E houve uma outra com a Ana. E daquela vez, então? E todas as vezes que não lhe deram vez ou voz. Ele continuou subindo.
Veio o metrô, que em seguida foi embora túnel adentro. Mas logo veio novo trem. Parou e foi embora. Em seguida, chegou outra composição. Deixou as pessoas, levou as pessoas, apitou e tchau. Veio mais um trem, burururum, sai aquele povo, entra outro povo, toca o sinal, fecha as portas e bye.
Ela também vai. Num destes trens, numa destas vezes.
(
Relembrando (retomando?) um "projeto" à la Raymond Queneau.
Aproveitando, Matt Madden fez algo mais fiel à ideia original, 99 ways to tell a Story - Exercises in style (em quadrinhos) que deve sair por aqui pela Cosac Naify
)
(imagem via SuperBlackSampler)
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